Foi como voltar ao tempo ler o recém lançado Almanaque Heróis do Anime cuja primeira edição é dedicada aos Cavaleiros do Zodíaco, mais necessariamente 20 anos atrás, quando revistas impulsionadas pelo sucesso do anime, de início visando o público infanto-juvenil, guerreavam nas bancas sua predileção. Sérgio Peixoto, editor chefe de revistas como Japan Fury e Animax, é um dos redatores principais e seu conhecido nome acabou dando uma forcinha para a divulgação que o projeto precisava. Ao todo o impresso possui dez capítulos com temas interessantes que funcionam para todas as idades e todo tipo de leitor, e o mais incrível é que, como boas obras não morrem, ainda há muito do que se falar e aprender com os personagens de Masami Kurumada, desde que, obviamente, aja interesse nisso. É só lembrar da mais nova aventura dos heróis no cinema, Os Cavaleiros do Zodíaco: A Lenda do Santuário, para ter uma ideia do quanto os defensores de Atena ainda se mantém ativos. Porém, tendo em vista que com a maturidade podemos enxergar além da superfície e entender o quanto os personagens são ricos e bem construídos em sua moral e disciplina, além de nos fazer lembrar com carinho dos felizes momentos de boas épocas, hoje os Cavaleiros são personagens bem mais interessantes para quem o assistia na Rede Manchete do que para a molecada que conheceu primeiro a série Ômega, por exemplo, a leitura do almanaque funciona melhor como um excelente passatempo de saudosismo do que veículo de esclarecimento. Os capítulos foram planejados em obedecer uma sequência orgânica, embora as quatro cabeças dos diferentes autores tropeçassem em redundância. O último capitulo, considerado enfadonho, porém informativo, foi deixado por último, o leitor pode simplesmente parar nele sem prejuízo na leitura, a não ser de conhecimento histórico. Trata-se de um estudo informal das armaduras medievais que serviram de inspiração para as usadas no seriado, mas mesmo não fugindo do tema a explicação de Fernando Metti pode reduzir significativamente o prazer que o leitor menos hardcore teria atravessando páginas que se mantinham apenas no campo de animes e mangás.
Apesar de um guia completo, o achei um pouco curto, não que fosse preciso se estender mais que o necessário, mas para quem foi cria das revistas repletas de spoilers dos anos 90 esperava-se que ao menos as sagas consideradas obscuras para além do capítulo 114 fossem destrinchadas, já que houve uma pausa imensa que fez o público perder o interesse (e no meio tempo abandonar a infância) até anos mais tarde recobrá-lo novamente, ainda que por mera curiosidade. Ainda com relação às revistas dos anos 90 tivemos a impressão que, fosse naquele tempo, cada capítulo renderia uma edição interessante.
A única coisa que me incomodou é que parece que o almanaque foi redigido às pressas.Cada erro grosseiro de gramática, concordância, raciocínio e de atenção mesmo, isso sem contar uma informação errada que deixaram passar. E é essa revisão preguiçosa minha principal crítica ao trabalho. De qualquer maneira, recomendo a aquisição do livrinho, já esperando que tenha próximos números e torcendo para que caprichem mais no acabamento.
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