Para quem não lembra ou não conhece a figura, Memin Pinguin é uma história em quadrinhos mexicana, criada em 1943 por Alberto Cabrera e desenhado por Sixto Valência Burgos. Aqui no Brasil o personagem andava meio despercebido, publicado na primeira metade da década de 90, considerando ser um gibi de qualidade duvidosa, publicado por uma editora não muito popular e pelo que me lembro de papel vagabundo, até mesmo a capa. Se não me engano a editora era Cinco. Enfim, o maior destaque do personagem afro-mexicano aqui em nossa terra foi uma escandalosa notícia nas páginas dos jornais envolvendo um conteúdo racista do gibi, em que numa historinha ele se escondia no armário de uma mulher, que, ao abri-lo, se depara com o menino, e foge apavorada gritando: ´´Socorro, um macaco!!!`` O menino, coitado, que não esperava por isso, olhava para os lados apavorado com a possibilidade de ter estado trancado com um macaco, e corre atrás da moça perguntando: ´´Macaco? Onde, onde?`` A mulher apavorada, passa a aumentar sua velocidade, achando que o menino a perseguia. Não sabia que macacos instigassem tanto pânico. Enfim, o gibi foi censurado em território brasileiro por causa dessa cena, embora continuasse circulando em seu país de origem e em outros países de língua espanhola onde fez sucesso, como Porto Rico, Venezuela, Peru, Chile, Panamá, Colômbia, e etc etc. Essa história foi a que ouvi na infância, até pouco tempo não tive outra menção ao personagem, já que nunca mais pintou o gibi por aqui. Anos mais tarde (leia-se hoje) me deu um interesse repentino em buscar as origens do personagem, o que anda fazendo hoje em dia, quem são seus criadores, a justificativa para detalhes sórdidos racistas, e descobri que sua popularidade no Brasil é tão baixa, que encontrei sequer uma página em português. Restou-me buscar nas Wikipedias estrangeiras, e dentre o que já foi citado nesse post, descobri que o personagem foi apresentado originalmente em 1940 em um história em quadrinho chamada Pepín, escrita pela escritora Yolanda Vargas Dulce, e seu nome Pinguin chegou a ser encurtado para Ping, já que seu nome original era sinônimo de pênis em alguns países, mas anos mais tarde acabou sendo publicado por seu nome natural mesmo. O gibi continuou fazendo sucesso onde era publicado até 2008. Vendo suas imagens, percebi que o personagem foi usado em campanhas, inclusive contra o racismo e a presidência do Barack Obama. Também li uma viagem de que é estudada uma proposta de levar os personagens dos gibis às telas.
Quanto a questão do racismo, parece que é comum nas historinhas do personagem do Alberto Cabrera. Li uma sinopse que Memin e seus amigos vão numa sorveteria do Texas e o vendedor diz que lá não atendem negros. Em defesa do autor, acredito que a intenção não é esculachar os negros, e sim uma crítica social. Não li uma só história, mas acho que provavelmente se pareçam em alguns parâmetros com o seriado do Chris, que até então não sofreu nenhuma censura. Devemos lembrar que o autor é mexicano, e lá a tolerância à menção de preconceito racial deve ser mais tolerado, já que é um país em que se permite, numa novelinha infantil, uma menina patricinha tratar seu coleguinha de classe afro mexicano como ´´negro nojento``.
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