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quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Tributo a Black Condor


Em toda história dos sentais jamais houve um personagem tão carismático e inesquecível quanto Gai Yuki. Pertencente ao Esquadrão Homens Pássaro Jet Man (Choujin Sentai Jetman), é o tipo menos indicado para integrar uma equipe do estilo. Em seu 15º sentai a Toei Company já lucrava um bocado, mas a fórmula repetitiva cansava e preocupava os produtores, os deixando cada vez mais convencidos que uma mudança precisava ser feita, mesmo que sutil. Assim, o roteiro foi mais trabalhado, algumas estruturas iniciais foram mexidas, mas os principais ingrediemntes para que o seriado não perdesse a essência do estilo foram preservados. Acabou que o seriado trouxe inovações bem vindas,entre as principais a primeira comandante mulher, roteiro mais denso e de escaleta com mais liberdade criativa, e o melhor de tudo, personagens bem elaborados e com maior profundidade, entre eles o que mais se destacou, Gai Yuki (Black Condor). Melhor que ele só mesmo o Joe Tiger de Lion Man. Longe do clichê habitual, Gai era um tremendo trapaceiro, mulherengo, boêmio e não fugia de uma boa briga. Quando banhado pela energia Birdonic demorou aceitar ser membro dos Jet Man, brigando com Ryu Tendo (Red Hawk) por longo período, o qual demorou a se dar bem. Sua rivalidade se dava por, além de recusar aceitar sua liderança, disputar o amor de Kaori (White Swan), que só tinha olhos para Ryu mesmo sem o rapaz sentir nada por ela. Apesar de tanta rivalidade e rebeldia Black Condor era um valoroso guerreiro, só que o seu temperamento insubordinado acabava o levando à situações extremístas, sobretudo quando agia impulsivamente para salvar White Swan, mas conseguiu assim ir conquistando o coração da moça aos poucos. Com o tempo passou a se dar melhor com o grupo, muitas vezes se tornando sua principal esperança, chegando a aproveitar sua habilidade de jogador/ apostador numa disputa cheia de truques em jogo de roleta, para salvar seus amigos.

 Black Condor em ação

Além de ser um Jet Man, Gai tocava saxofone em um bar onde passava muita parte do seu tempo, jogando sinuca e pegando mulher. Era hilário quando implicava com Ryu quando este pedia leite quente, deixando bem claro que para ele só era servido uísque Macallan, sua bebida preferida, traduzida por aqui como ´´bebida de macho``. Além disso era um dos raros, senão o único, herói que fumava em seriado do tipo, fato não só aceito como também respeitado pelo resto da equipe. O politicamente incorreto Black Condor costumava se rivalizar com o robô Grey enquanto Ryu rivalizava com Radiguet, ambos da oganização interdimensional Vyram. Grey guardava muita semelhança com Black Condor, como o fato de ser da cor preta e fumar, o último combate dos dois foi dramático e merecedor de respeito. Mesmo o derrotando, Black Condor fez questão de honrá-lo como guerreiro em sua morte.
O adorável cafageste morre de forma idiota no último episódio da série, três anos depois da derrota de Vyram no dia do casamento de Ryu e Kaori, por um trombadinha. Bem que podiam ter lhe dado um final merecido, envolvendo seus laços passados com o crime enquanto ainda era um contraventor.

 Morte do Gai

Gokaiger Em 2011 a Toei já estava em seu 35º sentai, Gokaiger (Kaizoku Sentai Gokaiger), cujo o tema é piratas. Gai é lembrado e faz uma participação especial, assim como alguns outros personagens de sentais anteriores, comemorando tanto tempo da franquia no ar. Lembrado como um excepcional guerreiro de tempos passados, Gai vem do mundo dos mortos para auxiliar Marvelous/ Gokai Red e os outros em combate, com direito a tranformação e tudo,apontando as melhores estratégias de combate a adotar. A participação é válida, quem assistiu Jet Man gostou,pena que alguns detalhes não nos deixam esquecer que nada é perfeito, como a aparência já envelhecida do espírito de Gai.Em contrapartida, as peculiaridades do herói foram vivamente lembradas, repare na garrafa de Macallan e no miojo Ako San deixados em sua tumba, que só quem acompanhou o seriado vai entender.


Gai em Gokaiger

terça-feira, 28 de outubro de 2014

Maskman, o último maior sentai antes da maldição Power Rangers



Último sentai a passar em terras brasileiras (as demais caíram numa maldição e se tornaram Power Rangers) o esquadrão Defensores da Luz Maskman foi apontado por muitos como o melhor sentai já produzido pela Toei Company, mas tenho minhas dúvidas. Estive revisitando a série e pude perceber o quanto ela é fraca em comaparação a outras do gênero, tecnicamente falando. Para começar, estreou num período em que o gênero já estava saturado no mercado nacional, portanto não teve lá boa audiência embora tenha rendido venda de variados brinquedos. Os protagonistas não eram tão carismáticos, o seriado não trazia nada de tão novo, apenas o fato de cada um dos cinco heróis serem especialistas em um tipo de luta, utilizando técnicas de combate diferentes, e o mecha original (Great Five) ser composto por cinco veículos, ao contrário dos outros sentais em que geralmente eram por três. Treinados e apadrinhados por Chefe Sugata (interpretado por Hayato Tani, então apresentador de um programa de provas insanas) que os ensinou a desenvolver o Poder Aura, os cinco guerreiros a princípio aparecem envolvidos em corridas de Fórmula 1, Takeo como o piloto bambambam e os demais como seus assistentes, até que sua namorada Miho o adverte que o Império Subterrâneo Tube almeja atacar a Terra sob o comando do malígno Rei Zehba, atrapalhando uma corrida e quase sendo atropelada. Miho na verdade é a Princesa Ian, correspondente infiltrada que acaba se apaixonando por Takeo e traindo Tube, sendo a seguir tirada de Takeo e congelada numa prisão criogênica eterna como punição. Antes disso Miho entrega para ele seu colar, o brasão da sua família real, que Takeo passa a usar pelo resto da série se lamentando por ser a única coisa sua que sobrou,cuidando com todo zelo, mesmo que durante umas batalhas tivesse que remontá-lo. Além disso, o casal pega emprestada algumas referências ao clássico Cinderella. O flashback de Takeo trazendo os sapatos para uma Miho descalça e desajeitada era exibido sempre que batia uma nostalgia no rapaz, e já no primeiro episódio quando a moça o alerta da ameaça de Tube quase sofre um grave acidente e seu sapatinho voa longe, se mantendo solitário e vulnerável separado de seu corpo,que por sinal é o mesmo com que Takeo a calçou, ilustrando toda carga dramática da cena.É dado assim o pontpé inicial para as batalhas entre os filhos do Poder Aura contra o Império Subterrâneo Tube nos 51 episódios seguintes.Além de Takeo, outro personagem que merece atenção especial é Akira (Blue Mask). Apesar de ter apenas 16 anos o moleque tem a corda toda. Sua especialidade é o kung fu e tem muita habilidade com as espadas, mas o mais engraçado é o jeitão imaturo dele que deixa as cenas bem mais interessantes, geralmente os azuizinhos desse tipo de seriado são assim mesmo. Akira ficou um tempinho malvado inclusive, encarnando o Espadachim Subterrâneo Ulas, guerreiro lendário que os habitantes bonzinhos do mundo subterrâneo acreditavam ser do bem, atacando seus amigos a mando de Tube.De resto, nada que já não tenha tido em sentais anteriores, como um representante da cor preta que se interessa por mulheres mesmo permanecendo liso do primeiro ao último capítulo, e duas moças graciosas, a Yellow e a Pink, e na minha humilde opinião a Yellow é muito mais sexy. Lembrando que a Pink herdou uma arma que em seriados passados pertencia a Goggle Pink, o Mask Ribbon.




Vilões


Quanto aos vilões, Anagumas é o melhor. Tem mais de 300 anos, mas mesmo assim o velhinho é o monstro mais poderoso, inteligente e conhecedor profundo do universo malígno. Infelizmente morre igual a um monstro de um episódio qualquer, mas foi o merecedor da honra de ser o último a ser agigantado pelo monstro elétrico Okelamp, monstrinho não menos carismático, que toda vez que executava sua função resmungava ´´Eu tô cansado`` bem ao estilo Gyodai.
os outros vilões são bobos e insossos, aquelas duas minas insuportáveis (Igan e Fuumin), uma espécie de Buba dos Changeman chamado Barrabás (em um episódio aparece a mãe dele. Ninguém imaginava que aquelas criaturas maléficas tivessem mãe, não é mesmo?) e um projeto do The Flash com pinta de diabão, que assim como o herói americano é um super velocista, e ainda cospe fogo pela boca a exemplo de outros colegas vilões, mas a sua magia é bem mais caprichada. Mas o que mais eles tem é estilo mesmo. Apesar de terem um time definido, são seres nefastos do mal, e o mal não é unido. Portanto vivem brigando na maior rivalidade, sem dar valor à amizade e sem hesitar em pisar uns nos outros para conseguirem o que desejam. E assim surgiu o Cavaleiro Ladrão Kiroz, outro vilão estiloso, de cabelos vermelhos e óculos exóticos, com o poderoso golpe Crescent Screw no qual ele gira sua foice provocando uma espécie de furacão, técnica aprendida enquanto esteve banido no Inferno vendaval. Assim que o novo vilão chega começa uma rivalidade não só com o pessoal do mundo Subterrâneo, mesmo que assim como ele todos pretendessem acabar com os Maskman (o que é de praxe em todo seriado sentai), mas também com Red Mask, pois seu plano é ter a princesa Ian todinha para ele em um trato feito com Zehba. Ele até que teve uma gatinha se oferecendo para ele no episódio 33, mas o bobão a decepcionou e não aproveitou a oportunidade. As pegações, aliás, até que foram com razoável vontade esboçadas nesse seriado, chegou a quase rolar um beijo entre Keiko (Pink Mask) e um monstro subterrãneo transmutado em humano, o que, considerando o gênero e o ano (1987/1988) foi muita coisa. Pena que red Mask também é um banana, provou que é só garganta e não aproveitou Miho como devia quando enfim foi descongelada nos episódios finais. Quanto aos monstros subterrâneos, grande parte formada por monstros compostos, duas partes que se completassem fundindo-se em uma, tinham visual caprichado e ninguém podia botar defeito, de repente só no Rei Zehba, o imperador de Tube, que escondia um grande segredo, ser filho do primeiro monstro terrível que transformou o então povo pacífico do Mundo Subterrâneo em oprisioneiros de guerra, adotando a seguir um regime tirânico e traiçoeiro. Num dos episódios finais mostra que mesmo seu pai sendo um tremendo sacana (o pai, aliás, era quem botava ovo) se deixou ser devorado pelo filho em seus dias finais, o alimentando com a pura carcaça malígna e destrutiva que lhe daria forças para ser o novo Imperador do Mal, cruzes! A cena até hoje é impressionante, bonita até, bizarra e comovente ao mesmo tempo. Contudo,o figurino de Zehba não era dos melhores, parecia algo como papelão usado em fantasia de carnaval, uma imensa manta a lhe cobrir o corpo e um braço fino de manequim que ele segurava o tempo todo para aumentar a extensão de seu membro, com as mãos em volta de uma bolinha (!?) que não desgrudava para nada.

Mechas e maquinarias de combate



Maskman foi o primeiro sentai a usar mais de uma basuca. A primeira, Bomba Projétil, que por alguma razão inexplicável Red Mask precisava usar uma mochila para dispará-la, foi destruída pelo Cresecent Screw, substituída a seguir pelo Jato Canhão, armamento simpático construído por um time de cientistas que ninguém sabia que os Maskman tinham à disposição, e que de vez em quando o exibido Red Mask a usava como prancha de surfe à la Surfista Prateado. Me doía o fato de que para usarem a basuca ser preciso estar os cinco juntos, e essa ser a única forma de destruir os monstros. E se já não era mais novidade, tiveram também mais de um robô. Quando great Five foi para o saco (não uma destruição tão dramática como a do Flash King dos Flashman) a Pink Mask tinha tomado um pau e não pôde pilotar sua parte correspondente do robô, e aí fica uma pergunta que não quer calar: Quem pilotou o Helicóptero Mask que se converteria numa das pernas do Great Five? O Great Five levou um sacode e sua perda pôde perfeitamente ser atribuída a ausência da Pink. Chefe Sugata dizia ´´Abandonem o robô, usem a saída de emergência que eu lhes mostrei.`` e aí fica outra dúvida: Que saída de emergência seria essa? Não foi apresentada aos espectadores. Enfim, acabaram pegando o Land Galaxy enquanto Great Five era restaurado, robô de origem conturbada ao ser associado a morte de seu cientista criador, colega de Chefe Sugata desde a época em que ´´trocavam figurinhas`` sobre o projeto Maskman. Land Galaxy tem uma
maneira maos ágil de se converter de veículo para robô, é quase como o Titan Jr dos Flashman, um tipo de caminhão. Embora tivesse design menos estiloso que Great Five,tem bons golpes, é duro na queda e eficiente em combate, sua Corrida Espartana é um barato à parte, uma pérola gigante de criatividade e primor, só vendo para crer.Great Five não ficou muito tempo como sucata e logo os Maskman podiam reservar entre um robô e outro como faziam os Flashman, mas por alguma razão desconhecida Land Galaxy acabou sendo o mais usado, tornando-se a primeira opção, inclusive para descer a lenha no Rei Zehba agigantado. Isso porque era apenas um quebra galho. Talvez os defensores da Luz estivessem cansados e só quisessem saber de novidade. Ainda quanto às armas, era divertidissimo quando os Maskman giravam sua Magnum Laser em punho ao autêntico estilo cowboy,. Chupa essa Alex Murphy!


Conclusão

Seriado que não chamou muita atenção, apenas mais do mesmo, no entanto merece respeito ao se dispor a apresentar uma coisa ou outra inédita, como heróis que buscam seu poder na fonte da meditação e nos gestos curiosos das mãos que em alguns momentos rendiam piadas.A transformação também era diferente de tudo que tinhamos visto. Algumas ideias e personagens eram interessantes, mas foram miseravelmente aproveitados, como o Mask verde (Mask X1), a primeira versão de um Maskman que abandonou o projeto após ter tido sua namorada arrancada de seus braços por Tube quase como Takeo perdeu Miho. O herói, que estava começando a ter uma grande amizade com Red Mask apareceu apenas em um único episódio, e com uma explicação bem simplória perdeu seus poderes. Ora, então aqueles relógios (morfadores)eram desnecessários? Muita gente, incluindo eu, torcia para que ele aparecesse nos últimos episódios unindo sua força com as dos Maskman contra o fim do império malígno de Tube. Sem contar que os próprios Maskman, tal como personagens de outros sentais, tem profundidade rasa e são bem poucos explorados, detalhe que só melhoraria anos depois em Jetman. Alguns personagens do elenco de apoio, embora sempre presentes, tiveram sua importância subestimada, como as gatinhas que auxiliavam Sugata como suas secretárias, sobrando apenas uma no final, e em alguns episódios nos perguntávamos onde elas foram parar, chegando até a nos esquecer delas. Mas tem um ponto muito positivo, pelo menos para nós brasileiros, por ser o último sentai verdadeiro a vermos na Tv aberta. Ao menos os Maskman que assistimos, gostamos e criticamos nos deu a última oportunidade de vermos um produto genuíno que os americanos tanto invejaram. E foi oscilando na Tv aberta até 1999, período em que a Rede Manchete começava a ir pro saco. Ainda bem que temos a nossa amiga de sempre Internet.



quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Círculo de Fogo - Crítica

Texto saído na Revista Mais Mulher de setembro/ 2013

Os Monstros de Guillermo del Toro




















Guillermo del Toro sem dúvida é uma escolha acertada para a direção de Círculo de Fogo, embora alguns torcessem o nariz por não conseguirem o imaginar dirigindo uma aventura sci-fi nos moldes de Transformers, que tirando o visual tem muito pouco em comum. Acontece que o cineasta mexicano é fan confesso de monstros, devemos lembrar de clássicos como Hellboy, O Labirinto do Fauno e Mutação, sem esquecer também que a arte em seus filmes é um primor. Cotado para dirigir O Hobbit, que coescreveu, e a adaptação do livro Nas Montanhas da Loucura, projeto abandonado devido ao lançamento de Prometheus nos cinemas, que também se baseava na obra, só agora Del Toro assume a cadeira de direção depois de Hellboy II – O Exército Dourado (2008). Enquanto isso acumulava funções de roteirista, produtor e consultor em outras produções. Enfim, Círculo de Fogo é o filme pelo qual Del Toro sempre sonhou. Sua infância nos anos 60 foi marcada pela ascensão de produções japonesas que conquistavam o mundo afora, de monstros como Godzila a heróis prateados que se tornavam gigantes, como a família Ultra. O gênero Tokusatsu como é conhecido tais séries (do japonês Tokushu Kouka Satsuei, que significa ´´filme de efeitos especiais``) perdura até hoje e foi um dos principais fatores influencia de sua carreira artística. Círculo de Fogo (no original Pacific Rim, uma região do norte do Oceano Pacífico conhecida por frequentes terremotos a alta atividade vulcânica) conta a história de criaturas gigantes de outra dimensão que atravessam uma fenda do oceano para nosso planeta, os chamados Kaijus, como são conhecidos monstros gigantes no Japão, ameaçando a humanidade e devastando tudo que veem pela frente. De onde vieram e quais são seus objetivos é um mistério, mas pouco importa, já que a premissa do filme é divertir todas as faixas de público em pouco mais de duas horas de ação e efeitos especiais, além de homenagear os clássicos filmes e seriados japoneses que fizeram parte da infância de muita gente. Porém, o roteiro sem profundidade pode incomodar o espectador mais radical. Charlie Hummam interpreta Raleigh Becket, um dos pilotos de Jaegers, robôs colossais usados como arma de combate contra os Kaijus, desenvolvidos pelo governo mundial. Seu sistema de controle depende da interação direta dos movimentos de seus pilotos, uma só pessoa não pode suportar toda carga neural causada pela conexão com o Jaeger, por isso duas pessoas, cada uma representando o equivalente a um lado do cérebro, o controla simultaneamente, e quanto maior a capacidade de sincronização dos movimentos da dupla, melhor sua eficiência em combate. Com a morte de seu irmão em uma batalha, o insubordinado Becket passa anos afastado, Jaegers são destruídos, e enfim ele é convocado novamente pelo Comandante Stacker (Idris Elba, Prometheus) a pilotar um dos poucos Jaegers que restaram. Em seu novo refúgio conhece novos companheiros de combate, entre eles personagens que estão ali apenas para dar tempero à história, oferecendo rivalidade infantil e apresentando crises existenciais e familiares, um dos mais interessantes é o Dr Newton Geiszler, interpretado por Charlie Day, que faz uma dupla de cientista com Gottlieb (Burn Gorman), responsável pelo alívio cômico. Numa divergência com seu colega, Geiszler tem uma ideia absurda que faz com que Stacker, sabendo que não teria nada a perder, o mande para o mercado negro em busca de pedaços de cérebro de Kaijus para conclusão de suas experiências. Conhece assim o traficante de carcaças com o sugestivo nome de Hannibal Chaw (Ron Perlman, o Hellboy). Perlman faz uma brilhante participação e seu personagem rende momentos divertidos. Mako Mori (Rinko Kikuchi, Babel) é uma treinadora que acaba se tornando a copiloto de Becket, a terceira personagem importante do longa. Em meio a inegável rivalidade com pilotos e Jaegers de outras nacionalidades, era indispensável a participação de alguém de olhinhos puxados na equipe dos heróis, a mesma pessoa que, num momento em que as coisas não estavam bem, apresentou uma solução familiar a quem já assistiu muitos combates como aqueles; os Jaegers tem espada. Como Becket, Mako tem um passado atormentado, e pior ainda, de quando era uma menina indefesa. Juntos, Becket e Mako devem superar seus traumas e medos para seus cérebros ficarem livres para sincronizarem seus ataques com precisão no combate aos terríveis Kaijus, contando no momento certo com o sentimento de amizade e heroísmo de Stacker, a tanto adormecido.

A Produção


Como dito desde o princípio, a intenção de Guillermo del Toro não era fazer uma refilmagem de um clássico, nem fazer paródia, e nem mesmo uma homenagem, e sim uma releitura de uma mitologia que o acompanhou por anos e anos. De fato, tirando a premissa original, Círculo de Fogo é um blockbuster americano como qualquer outro, particularmente senti falta de outros elementos que lembrassem a cultura nipônica e de uma trilha sonora envolvente, daquelas que grudam no ouvido e trazem a lembrança do filme para sempre. No geral, é um filme muito bem produzido, seus efeitos especiais são perfeitos, os Jaegers e os Kaijus se movimentam de acordo com sua estatura dando impressão de realidade, e para adequá-lo a todas as classificações, não há pessoas sendo esmagadas ou destroçadas (com duas exceções, sendo que uma delas nem é tão nítida). Os efeitos em 3D, exigência do estúdio, contrariou o que Del Toro tinha em vista para seu lançamento, e não é para menos. Numa estratégia caça níquel quiseram fazer pensar que o uso do efeito tridimensional deixaria tudo mais encantador, esquecendo que o filme por si só já tem um espetáculo visual a oferecer. Estamos falando de um filme de Del Toro, onde com a direção de arte, cenografia e maquiagem se faz milagres.










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quarta-feira, 15 de maio de 2013

O Coreano Merecedor de Respeito


Quando se é bem moleque é doido para aprender uns golpes e sair dando porrada por aí, nem que fosse para não ser a mais nova vítima de bullying da escola, e nesse sentido os primeiros seriados tokusatsu a ditar moda por aqui teve sua parcela de incentivo. Quem hoje se lembra com carinho do Cometa Alegria que passava nas manhãs da saudosa Rede Manchete sabe que após um tempo de a molecada doida para aprender algumas acrobacias vistas em seus seriados preferidos era chegada a hora de aplacar seus anseios com as aulas do Mestre Kim, numa época em que guerras asiáticas eram assunto só nesses nossos seriados live action e sul coreanos não contagiavam o planeta com musiquinhas coreografadas pegajosas, apresentadas em um quadro que ia ao ar antes de cada tokusatsu, ensinado um ou outro golpe de Taekwondo. Foi minha primeira aula tanto de luta quanto virtual, me fazia reproduzir os golpes mesmo que fizesse tudo errado, com direito a muita rosquinha Mabel. O que os garotos da época não sabiam era que o sul-coreano acumulava outras atividades na emissora, como co-autoria de novelas, claro que ele dava seu toque pessoal, por exemplo, seus assuntos eram mais focados em lutas em geral, e que por um acaso é naturalizado brasileiro, tendo sua humilde primeira academia no Rio de Janeiro na rua Voluntários da Pátria, na década de 70. E pensar que eu passava por lá tantas vezes e nem tinha ideia disso.

















Devido à sua popularidade em meio às crianças foi lançado no comecinho dos anos 90 pelo grupo Bloch, detentor da Rede Manchete, o gibi Mestre Kim, que chegou a ter apenas 9 edições. O gibi seguia a linha de outra publicação da editora, o gibi Clássico das Artes Marciais, que em breve terá um post neste blog.
É com saudade que lembro desse grande mestre do Taekwondo. Pelo que andei lendo por aí ele continua em atividade e é dono de um currículo fodástico que bota um Chucky Norris no chinelo. Entre outras coisas o cara foi instrutor da Polícia Militar, Cívil, Federal e do Batalhão de Choque do Rio de Janeiro e presidente da Confederação Brasileira de Taekwondo. As atividades que pratica o faz manter sua vitalidade, mesmo que já tenha idade avançada. Falando nele me dá até vontade de voltar a fazer lutas. É de exemplos como esse que uma nação precisa se espelhar.



sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Flashman – O segundo maior Sentai antes da maldição Power Ranger



´´Um dia cinco crianças foram raptadas e levadas ao confins do universo. E após vinte anos...`` era assim que se iniciava os episódios do segundo melhor sentai a passar por aqui antes que um acordo maldito entre a Saban e a Toei Company transformassem os guerreiros do Tokusatsu na praga americanizada Power Rangers, e se pensarmos bem no Brasil passou poucas séries Super Sentai de respeito, são elas Changeman, Flashman, Goggle V e Maskman. Lembro perfeitamente quando eu era moleque e vi anunciar pela primeira vez na extinta Rede Manchete este seriado que seria o sucessor dos Changeman, que ainda encantava a molecada, mas não era mais novidade, isso em 1989 ou 1990 não sei ao certo, e vibrei de emoção já tendo em mente que tudo que faz sucesso gera imitação ou continuação, para pouco depois saber que os próprios Changeman não eram originais. Apesar da escancarada semelhança entre essas séries, o Comando Estelar Flashman tem seu charme próprio em tramas mirabolantes e roteiro comovente, que lembraremos a seguir.



As comparações
Inevitavelmente vamos lembrar e fazer citações a outros Tokus do gênero, o que não podia ser diferente sendo que antes da série nos ser apresentada já conhecíamos séries como Jaspion (para não falar das pessoas ainda mais velhas) e é claro, a da mesma família, Changeman. Portanto não se incomode se este artigo for calcado nem exemplo já visto, no caso o seriado dos Changeman. Fica até mais fácil para aqueles que não acompanharam as aventuras do Comando Estelar conhecer melhor o grupo.

A história
Cinco crianças foram raptadas por caçadores espaciais para serem usadas em experiências científicas por Dr Keflen, que usa a biomolécula dos seres que rapta para a criação de subordinados a serviço do Cruzador Imperial Mess, cujo líder, Monarca La Deus, objetiva se tornar o ser mais poderoso do universo. As crianças acabam sendo salvas por nativos do planeta Flash, onde foram criadas e receberam treinamento e poderes para se defenderem de possíveis ameaças. Sabendo que Mess está preste a invadir a Terra os cinco guerreiros retornam ao planeta pela primeira vez após o rapto dispostos a se vingarem e a defender sua Terra natal, e depois encontrarem seus pais.
Planeta Flash: A principio o planeta era nada menos que cinco corpos celestes diferentes, cada um da cor de um dos heróis, por onde se espalharam, o que deve ter causado confusão a muita gente. Mas como o Japão é um arquipélago, podia ser comum para eles idealizar um planeta fragmentado. Anos mais tarde fui saber que não era bem assim; o planeta era um só, onde foi criado o líder (Din/ Red Flash), porém tinha quatro satélites onde foram criados seus parceiros de equipe, o Green Star, o Blue Star, Yellow Star e Pink Star, cada qual com uma característica própria.
Os heróis: Ao chegarem à Terra os heróis ficam encantados com o mundo novo que descobrem, e nesse sentido eles se assemelham ao Jaspion, agindo feito crianças a cada descoberta, querendo aproveitar a infância que não tiveram. Ao contrário dos Changeman que por serem militares contavam com um exército de apoio e companheiros humanos, os Flashman tinham apenas o robô fêmea (!) Mag que os fizesse companhia, embora no começo tivesse se mostrado hostil, mas logo se tornou uma excelente mentora e companheira por toda série. Din, o mais velho de todos, foi raptado aos três anos de idade e acabou adquirindo uma cicatriz no peito ao ser ferido pelas mãos do caçador, que eventualmente lhe causava fortes dores em sinal de presságio de perigo, ao estilão Harry Potter. Já no planeta Flash, lugar onde um dos grandes problemas eram as tempestades cósmicas, costumava treinar bloqueando o sentido da visão, habilidade que acabou sendo útil em um dos episódios da série, e ganhou a espada Sword Laser de seus mentores, arma eficaz em combate contra as criaturas de Mess, e por ser o mais experiente acabou se tornando o líder do grupo. Dan/ Green Flash é o mais viril de todos. Nunca fugiu da briga, é de pouco papo e muita ação, sua arma branca favorita é o soco inglês (lembra o Hayate dos Changeman com seu inseparável pente? Nos primeiros episódios tentaram fazer uma associação de Dan com o equipamento de socar). Já na forma de heróis sua arma são as luvas cósmicas Glass Laser (não seria Glove Laser? Mas na dublagem brasileira ficou assim) que ele usa para extravasar sua habilidade pugilista. Go/ Blue Flash é o mais novo de todos e mais alegre e imaturo. É o que faz amizade com mais facilidade também. Sua arma é a Laser Ball, bola gigante na qual se converte para ataques aos inimigos, sem esquecer as shurikens azuis que ele chamava de estrela projétil, e sua habilidade de escalar paredes em sua forma civil à la Spider Man. Sara/ Yellow Flash é a única que reencontra seus pais na Terra, mas não teve tempo para aproveitar a descoberta, pois o povo nascido ou criado no planeta Flash sofre rejeição à atmosfera da Terra caso permaneçam muito tempo no planeta (isso lembra muito Guerra dos Mundos) e tiveram que vazar. Suas armas são as bolas projétil, espécie de bolinhas de gude amarela que ela tacava nos inimigos, e o bastão congelante, dois bastões que usava para fazer nevar e congelar os seres malignos. E por último, na minha opinião a mais gata, Lu / Pink Flash, e também a mais engraçada. Habilidosa com os pés, sua arma é a Shoes Laser (eu entendia Chute Laser. Problema auditivo meu ou ´´chinelagem`` da dublagem?), par de botas que a mina usava para dar pontapés nos caras e até provocar terremotos (Uau!) como se o Japão fosse uma terra que precisasse de abalos sísmicos. E também usava o coração projétil para arremessar nos inimigos em sua forma cívil, essa mina realmente é de matar. O Que eu achava curioso mesmo eram as transformações, um tanto que original; apesar de fazerem poses como em todo Sentai, a princípio todos se transformavam de maneira idêntica (braços esticados), e só depois que o corpo era todo revestido pelo uniforme era que se embutia os óculos, ´´Visor Combate`` como eles evocavam, equipamento que além de proteger a visão provavelmente os faziam enxergar melhor. Ou seja, o uniforme e os óculos eram dissociados, diferente dos uniformes de outros seriados Sentai.








Aliados: Volta e meia aparecia o Dr Tokimura na série, um cientista inventor da máquina do tempo que sonhava voltar 20 anos atrás, época em que teve um filho raptado por caçadores espaciais. Nesse tempo sua esposa e ele perderam a memória e não conseguiam se lembrar nem do sexo da criança. Certo tempo depois, Setsuko, esposa de Dr Tokimura, se recorda de que a criança era uma menina, reduzindo as opções de um dos Flashman serem na verdade filhos do casal, e no penúltimo episódio Sara descobre ser ela essa criança (hoje em dia um simples exame de DNA resolveria a dúvida). Porém, até o final da série não pôde mais ver seus verdadeiros pais depois de ter feito a descoberta. Dr Tokimura e Setsuko também tinham outras duas filhas, Kaori e Midori, e na minha humilde opinião o doutor era muito parecido com o Dr Nambara, de Jaspion.
Outro interessante personagem a dar as caras é Barak, monstro guerreiro cria de Dr Keflen que invadiu o planeta Flash há 100 anos antes do início da série, sendo derrotado por Deus Titan, até então defensor do planeta, que decidiu poupá-lo e ensiná-lo a dar valor à vida e ir contra os planos malignos de Mess. Curiosamente a criatura falava (os monstros guerreiros de Mess nunca falavam) e mesmo 100 anos atrás já exibia pelos grisalhos pelo corpo, aspecto envelhecido e voz de uma criatura bem idosa, exatamente do jeito que tinha quando foi descoberto na Terra, despertado de seu sono secular para oferecer aos Flashman o equipamento deixado por Deus Titan à nova safra de guerreiros que tal como ele lutariam em defesa de seu planeta natal, já que a ganância de Mess não deixaria um planeta tão produtivo quanto a Terra passar em brancas nuvens quando descoberto. O equipamento consistia num grandioso caminhão de combate, o Titan Flash, cuja base principal se convertia num robô guerreiro, Titan Jr, um tanto cômico e desajeitado, porém dinâmico, feroz e duro na queda. Sua carroceria se convertia na arma mortal que tornava o robô ainda maior e ameaçador ao se fundirem, quando já passava da hora de acabar com a luta, veículo este que foi muito útil aos Flashman quando perderam Flash King, seu primeiro robô de combate fabricado por seus pais adotivos do planeta Flash, em uma batalha covarde com dois monstros guerreiros. Barak durou apenas poucos episódios, aparecendo posteriormente em curtos flash-baks (não quis fazer trocadilho, ô mané) e morrendo pouco antes de revelar o ponto fraco do povo nascido ou criado no planeta Flash, a tal intolerância à atmosfera e às coisas da Terra caso aqui permaneçam por muito tempo, como já vimos antes. Não posso deixar de mencionar o quão interessante foi a solução encontrada pela Toei Company (produtora dos seriados Tokus) de apresentar a diferença da atmosfera do planeta Flash em relação aos outros planetas; a fotografia amarela, recurso também aproveitado em Changeman quando os heróis pousavam no planeta Gôzma.



Equipamentos, armas e veículos: Como todo Sentai, os Flashman tinham a Cosmic Vulcan, artilharia pesada formada pelas bazucas de cada um, todas elas iguais e enormes, ao contrário da Power Bazuca dos Changeman, e a rajada parece até um lindo arco íris com a junção das cores dos heróis girando em torno de si no estilo caleidoscópico de um comercial do gel dental Close Up, acabando de vez com o monstro do episódio, e os mais velhos se perguntavam por que eles não usaram isso antes. Em seu formato agigantado graças à ação de Medusan que veremos logo a seguir, o monstro enfrenta Flash King, robô colossal que eles descobrem ainda no segundo episódio, formado pela junção de três veículos que os heróis se dividiam em pilotar, Delta Craft, Ômega Craft e Tanque Comando, sendo que assim que o robô era transformado, miraculosamente apareciam todos eles reunidos na cabeça dele, pilotando o grandalhão lado a lado, ao contrário dos Changeman que cada um pilotava sua parte dentro de uma cabine. Como eles iam parar todos juntos lá no topo, era um mistério. Só que achei interessante uma solução resumida encontrada pelos produtores da série para mostrar como os heróis aprenderam a converter os veículos no robô; Mag mostrava os projetos de formação,os encaixes e os comandos, claro que de maneira mais exemplificada possível, mas mais realista que Changeman que já começaram a pilotar o robô de primeira sem um cursinho relâmpago.  Quando menino, o visual do robô me decepcionou, tinha as mesmas cores do Change Robô, não tinha achado seu visual original e por fim ele tinha a cabeça achatada. Flash King é destruído no episódio 15, O Extermínio do Robô, episódio marcado também pela chegada dos Caçadores Espaciais à Terra, substituído já no episódio 18, em A Reviravolta do Robô, por Titan Jr. Mas Flash King retorna restaurado para socorrer Titan Jr já em seus primeiros confrontos, no episódio 20 A Ressurreição do Robô, quando parecia que o robô mirim ia levar a pior. Sinceramente não achei que Flash King devia voltar, Titan Jr já estava bom demais, é aquela velha cafonice de apego dos japas que fez com que não tivessem coragem de se livrar da lata velha. Acabou que os Flashman passaram a usar dois robôs de combate, os alternando nos episódios; se o monstro fosse naturalmente ameaçador, Flash King era o escolhido da vez. Se o monstro fosse cômico e o episódio bizarro, Titan Jr entrava em ação. Não podemos esquecer que, se o episódio tivesse sido longo, o confronto entre robô e monstro devia ser resumido e a solução encontrada pela Toei Company era os guerreiros evocarem o robô já montado ao invés dos veículos saídos do Star Condor (o cruzador dos heróis) que os formasse, recurso também adotado em várias séries do gênero. Ou então chamavam Titan Jr, que era mais fácil e mais rápido de se converter em robô.





No episódio 33, Meu Pai, Meu Herói, eis que surge uma surpresa; a Poderosa Lança. Trata-se da junção das Star Lasers (Armas que se convertem tanto em pistolas quanto em espadas e escudos) de todos os heróis, que formam uma única e grandiosa lança para ser arremessada no monstro guerreiro. Cheguei a imaginar que na ocasião supriria a Cosmic Vulcan, mas me enganei. A Poderosa Lança servia unicamente para deixar o monstro amaciado o bastante para sofrer o ataque agora sim mortal, da Cosmic Vulcan. Quem sabe se a Toei Company enfim imaginou que precisaríamos de uma explicação para que a Cosmic Vulcan não fosse usada assim que o monstro do dia desse as caras? Agora eles precisariam amaciá-las antes. A Poderosa Lança durou poucos episódios.
Vilões: Sempre achei os vilões dos Flashman menos carismáticos que os dos Changeman, onde cada um deles tinha uma história e no final todos eram vítimas do império Gôzma. Em Flashman todos eram crias do Dr Keflen, feitos a partir do DNA de criaturas diversas encontradas pelo universo, unicamente para servir Mess. O império Mess, assim como o império Gôzma, eu não sabia com exatidão do que se tratava além da denominação dos inimigos da série. Nunca soube, por exemplo, se Mess era só o nome do Cruzador Espacial, se era uma organização secreta ´´illuminati`` de dominação universal, enfim, mas o que me chamava atenção dês de sempre é que o senhor de Mess, Monarca La Deus, era bem menos carrasco que o Sr Bazoo de Gôzma, apesar de vez ou outra dar uns puxões de orelha. Como em Changeman Gôzma era totalmente subordinada pelo cruel senhor Bazoo, em Flashaman o império Mess era uma organização formada por gênios cientistas e suas criações, e rolava até um certo companheirismo entre La Deus e Keflen, que fomentava os planos malignos e executava suas ações, estando La Deus sempre dentro do Cruzador quebrando a imagem de ´´ser poderoso inacessível``, a não ser nas poucas vezes em que ele aparecia no pára-lama da nave bradando ordens, dando esporro e castigando seus subordinados,  numa clara referência (e imitação mesmo) de Bazoo. Em uma comparação literal aos vilões dos Changeman, Dr Keflen seria como o Comandante Giluke, Wandar seria como o Buba, Gaus seria como o Gata, apesar do primeiro não falar, só rosnar como todo monstro guerreiro criado por Keflen, mas ambos se igualavam no quesito ´´mascote da trupe do mal``, Urk e Kirt (duas gatonas, sendo que na verdade uma era uma mulher lobo ou raposa, não sei bem, e a outra era uma mulher gato), que muita gente achava que não falava, mas realmente falava embora bem pouco, seriam como, por que não, a Shima, por apesar da beldade que eram, causarem aversão e estranhamento em alguns aspectos, além de serem boas de briga e dificilmente levarem a pior, principalmente em combate com as mulheres, e a tigresa Nefer (agora vocês podem ver o trocadilho embutido aí), a pioneira da série a ter chicotinho até ter sua arma monopolizada por Kaura, apesar de sabermos que fica muito melhor nela, se compararia à Rainha Ahames pela sua majestosa beleza e charme em combate, e ambas tiveram a voz da mesma dubladora, embora Ahames fosse um pouco diferente, teve sua primeira aparição muitos episódios depois e foi uma grande rival do Comandante Giluke, rivalidade que nos Flashman se equipararia à de Keflen e Kaura, que veremos a seguir.


Dr Keflen

Wandar, o Terrível

As gatinhas do mal


Os Caçadores Espacias: Tecnicamente a primeira aparição de um Caçador Espacial foi no episódio 3, O Caçador, embora tenha morrido bem no comecinho ao ter sofrido uma queda com sua nave na Terra, E Mess, que não desperdiça nada, usou sua biomolécula na confecção de um monstro guerreiro. Já no episódio 15 chega à Terra o comandante dos Caçadores Espaciais, Kaura, que com sua forma humanóide, seu cabelo emo e seu chicote laser de cerca de uns 15 metros de comprimento (uma arma feroz, só uma lapada era o suficiente para fazer os heróis passarem de seu estado de Flashman ao seu estado civil) trouxe mais quatro Caçadores com ele, Baura, Hag, Hou e Kerao, este último embora não fosse mais um dos que raptaram os Flashman (ninguém sabe se os outros tiveram participação ativa nos raptos), era exatamente igual ao do terceiro episódio, provavelmente vieram do mesmo planeta, embora saibamos que na verdade a Toei Company quis apenas reaproveitar a fantasia. Tal como as vidas menos inteligentes geradas por Dr Keflen, os Caçadores não falavam. A chegada de Kaura e os Caçadores foi um feito e tanto para Mess, o auxílio que buscavam na tarefa que se mostrava árdua de derrotar os Flashman. Aos poucos a rivalidade e a concorrência entre Dr Keflen e Kaura foram aumentando. Kaura tentava fazer La Deus crer que seus planos de domínio global eram mais eficazes que os de Keflen, e o doutor por sua vez não permitia intervenções de Kaura em seus planos, por mais imatura que fosse sua decisão. Embora lutassem pelas mesmas causas de Mess, passou a existir uma forte concorrência de Kaura e seus Caçadores Espaciais entre Dr Keflen e suas mutações sintetizadas.  Os Caçadores acabaram sendo usados por Keflen na criação de um monstro guerreiro, enquanto Kerao foi devorado por outro monstro que se alimentava da energia dos Caçadores ao defender Go de um ataque, tendo aprendido com uns garotos o sentido da amizade, os mesmos garotos que também ensinaram o Blue Flash a perdoar a criatura da laia dos que o raptaram vinte anos atrás. Detalhe curioso; esse foi o único episódio em que um dos Caçadores esboça uma palavra, no caso Kerao, mesmo moribundo. ´´Kerao``, dizia o Caçador ao ser indagado por um garoto sobre seu verdadeiro nome.

Kaura reencontra Galdan

Kaura revela a Keflen que ele é um terráqueo igual aos seres do planeta que almeja destruir, e a princípio o cientista reluta a acreditar, até enfim se convencer apesar de ter seus 300 anos (A explicação de sua longevidade é uma incógnita). Kaura se associa a Galdan, um viajante do espaço companheiro de longa data que torna a ser seu braço direito, e o peito de Kaura é tão grande que resolve aniquilar La Deus para se tornar ele mesmo o ´´Senhor do Universo``, e com a ajuda de seu braço direito Galdan acabam derrotando La Deus, o que não tinha porque ser difícil, sendo ele uma criatura que mal tinha mobilidade feito a partir de um manequim inflexível da Toei Company. Para seu espanto, Keflen descobriu que La Deus era formado por uma biomolécula líquida e usou seu composto para a criação de suas últimas criaturas. Já Kaura, tem uma morte suicida ao tentar matar Keflen.
Os Monstros Guerreiros: Monstro Guerreiro (nos Changeman era Monstro Espacial) ou Mutação Sintetizada era a denominação das crias maléficas de Dr Keflen que ilustravam cada episódio. Geralmente baseada nas vidas diversas encontradas pelo universo, Dr Keflen usava o Sintetizador Biomolecular (uma espécie de órgão musical inspirado na ´´Máquina de dar Orgasmos Musicais`` do filme Barbarella, de Roger Vadim) para a concepção da criatura que nascia através do que parecia ser uma cápsula cheia de fios e em seguida  introduzia seu coração artificial. As criaturas não falavam e pareciam serem irracionais, seguindo apenas os comandos dos membros de Mess, portanto era difícil sentir peninha em vê-los estraçalhados pela Cosmic Vulcan. Após destruídos entra em ação outra Mutação Sintetizada de Keflen, Medusan, criatura baseada na elasticidade das  medusas marinhas que ressuscita e agiganta os monstros derrotados, os deixando até 30 metros de altura, e após sua ação volta a seu estado natural de pequena Água Viva. Mas os monstros agigantados ainda mais enfurecidos não tardam a sofrer o golpe mortal da Cósmic Laser ou da Operação Gran Titan.

Zolos

Como ´´assistentes pau pra toda obra`` o império Mess tem os Zolos, sendo assim batizados um certo número de episódios depois, inicialmente tratados apenas por soldados, exército fraco, porém inacabável, baseado em formigas saúvas, de cor vermelha. De fato, o animal que mais age em ´´exército`` aqui na terra são as formigas. Quando moleque me amarrava ao os verem sendo chamados, sua apresentação acompanhada pela trilha sonora, sua posição de ataque e seu relinchar. Também possuíam garras numa das mãos. Bem lá para frente começaram a gemer com voz humana conforme apanhavam, e isso foi me incomodando aos poucos. Também achava que os Zolos concorriam bastante, mesmo que indiretamente, com os Caçadores Espaciais, ficando até ofuscados por eles.
Medusan
Para exemplificar que a equipe de Mess era parcialmente forjada através de biomoléculas de animais, Wandar tinha o corpo zebrado, e Nefer, Tigrado, sem nem precisar citar Urk e Kirt. De todos o que mais era leal a Keflen era Nefer, chegando ao ponto de se sacrificar por ele, se pondo à frente da Sword Laser para evitar que seu ´´pai``, como passou a chamá-lo nos últimos episódios, sofresse o ataque de Red Flash. Porém Wandar também foi honrado em se oferecer a se tornar uma nova Mutação Sintetizada, feroz em ataques apelativos sob os olhos já cansados de fracassos de La Deus, tornando-se assim o invencível Wandalo, cujo golpe é ´´Espada Demoníaca: Tempo congelado em 3 segundos``. Já Nefer tornou-se a Diabólica Nefer, ficando com um visual mais selvagem e monstruoso, nada atraente (sabe os capítulos finais de Changeman em que Bazoo ficava transformando toda a galera do mal em monstro? Pois é). É curioso lembrar que nesses seriados, quando um personagem fixo é transformado em monstro, mas os produtores não querem se livrar dele, usam um recurso muito comum que quem acompanhou muito Sentai deve saber do que estou falando; a pessoa´´sai`` do monstro. Sim, ele cai, inconsciente, de seu hospedeiro, enquanto a criatura na qual havia se transformado segue seu caminho livremente, difundidos, como se sua metamorfose pudesse adquirir identidade própria.
O mais injustiçado, coitado, foi mesmo Gaus. Entrando mudo e saindo calado, foi um dos seres de Keflen que não falava, embora do ´´elenco`` fixo. Robusto, agressivo, era simplesmente uma das criaturas subordinadas de Mess, além de ser resistente, agüentava bem as bordoadas. Morreu ainda longe do seriado terminar, tratado como um Monstro Guerreiro qualquer, com direito à Cosmic Vulcan, agigantamento de Medusan e à Cosmic Laser de Flash King. Dizem por aí que o personagem foi dispensado mais cedo por sua fantasia de peças de pano, pelúcia e metal ter ficado bem avariada com o passar da série, antes do tempo previsto.
Em suma, as aventuras do Comando Estelar são até hoje consideradas mais adultas que as dos Changeman, mas eu não penso assim. Apenas teve um roteiro mais elaborado. Difícil dizer qual série supera a outra, embora eu tenha um carinho muito grande, quem sabe até maior, pela do Esquadrão Relâmpago Changeman, não que a do Comando Estelar significasse pouca coisa. Ao todo teve 50 episódios, e se aqui eram exibidos diariamente por um bom tempo com direito a reprises exageradas, no Japão eram semanalmente. Sendo assim, nos últimos episódios, quando os heróis tiveram apenas mais 20 dias de permanência na Terra, o tempo avançava consideravelmente entre um episódio e outro. Mas é claro que teve episódios muito engraçados e bizarros, como todo Sentai deve ter, e o mais tosco de todos sem dúvida é o 26, Abóboras Selvagens, que nos arranca boas gargalhadas. Há aqueles cheios de mensagem de amizade e companheirismo, de trabalho em grupo e perseverança, uma das máximas de séries e desenhos nipônicos, e um grande exemplo foi o episódio 6, A Super Máquina, em que a moto de Din, a Red Turbo Laser, acaba destruída, e graças aos amigos que ofereceram as peças de suas motos que ele pudesse reaproveitar, conseguiu reconstruir a máquina. Só tem um errinho... como dizia no episódio, a moto de Din o acompanhou por muitos anos no planeta Flash, então como se explica o nome Suzuki no veículo? Será que a gigantesca empresa japonesa de veículos teria uma filial em outros planetas? Outro detalhe que não posso deixar passar em branco é Flash King tocando uma flauta (mais especificamente o rabo do monstro) nesse mesmo episódio. Mas o melhor episódio em minha opinião foi A Cidade do Terror, que, entre outras coisas, marca a presença de um personagem interessante, a andróide Siberia, que dura somente um episódio. Já que os vilões de Flashman não são tão ricos nem tem mortes em batalhas empolgantes quanto os dos Changeman, A Cidade do Terror nos presenteia com uma cena épica de luta entre Din e Kaura no meio de uma tempestade, que chega a nos emocionar de tamanha ferocidade. Também nesse episódio há um flash (ok, é trocadilho mesmo) da mãe de Din lendo para ele o clássico de Oscar Wilde, O Príncipe Feliz. Para o enredo que a série teve, não ficou nada de fora e a trama ficou bem completa. O último episódio é que deixou a desejar, o tempo foi corrido demais, até mais que o que seria considerado o normal (duas horas para montar um robô e matar o monstro é sacanagem), para tanta coisa acontecer ao mesmo tempo, inclusive acabando com Mess em tempo recorde. E pensando bem, até que foi interessante a aniquilação dos vilões principais sem o chororô que era nos Changeman, ressaltando aqui o último combate entre Red Flash e Wandar no episódio 47, O Grito da Morte, que bastante ferido a cria de Keflen acaba entrando em colapso e explodindo sozinho. Pena que Nefer teve um fim ainda mais sem graça, porém fofinho, sendo que ela sim era uma vilã terrível, com suas miragens em 3D fazia nossos heróis quase enlouquecerem em poucos segundos.  Mas os Flashman não voltam ao plantea Flash sem antes prometerem retornar ao seu planeta de origem, e anos mais tarde, cumprindo a promessa ou não, Green Flash faz uma participação especial em outro Sentai, estou doido para ver isso, preciso caçar nos Youtubes da vida.
Dizem que Flashman foi feito com mais recursos e verbas que Changeman, não duvido, pois a Toei crescia bastante entre uma produção e outra, sempre lucrando cada vez mais com seus seriados. A qualidade do design dos heróis, dos monstros, das naves, dos equipamentos e até dos efeitos, sem dúvida superam as dos Changeman. Ah, e sabe a dublagem do seriado? É com as mesmas vozes de A Volta dos Mortos Vivos, clássico de Dan O` Bannon de 85, pode conferir.

Mag era a mais importante aliada

Kerao aprende a importância da amizade

Flash King é destruído

Operação Gran Titan


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