Conan, o Bárbaro
O cimério revive nos cinemas após um hiato de 27 anos.
Para um dos personagens mais violentos dos quadrinhos ter seu retorno triunfal nas telas, nada mais indicado como diretor que Marcus Nispel, que além de ter dirigido a épica aventura Desbravadores (2007), também dirigiu os sangrentos O Massacre da Serra Elétrica (2003) e Sexta-Feira 13 (2009). Porém, com todos os ingredientes que o bárbaro teve direito, a adaptação deixou a desejar. Para começar pela escalação do ator Jason Momoa, que interpreta o personagem já adulto. De longe o bárbaro seria esse simpático e galante jovem, nesse quesito Schwarzenegger se saiu bem melhor ao interpretar uma montanha de músculo descerebrada que age por instintos, desconhecedor do espírito familiar, embora o filme conte com a participação de peso de Ron Perlman (O Nome da Rosa e Hell Boy) como seu pai. O enredo segue a tradicional receita de bolo de filme épico de capa e espada, o elemento condizente com o personagem dos quadrinhos é mesmo sua fúria e seu instinto violento, violência essa que soa caprichadamente forçada e sem propósito, num longa que lança mão de um equivocado apelo às crianças, levando ao cinema famílias que acreditavam ser um filme em 3D, que, aliás, de 3D mesmo só tem os óculos e uma imagem ou outra mal e porcamente tridimensional.
Nascido literalmente na guerra, o jovem Conan (Leo Howard) é treinado por seu pai para que um dia livre seu povo do exército de Khalar Zyn (Stephen Lang), poderoso feiticeiro que deseja entre outras coisas reviver sua esposa, e conta com a ajuda de sua filha Marique (Rose Mc Gowan), uma feiticeira que não mede esforço em sua busca por mulheres de sangue puro. Com a morte da única pessoa por quem Conan se afeiçoava, o jovem bárbaro passa seus anos seguintes na marginalidade, furtando e matando pessoas até conhecer Ukafa (Bob Sapp, esportista e lutador de MMA), outro bárbaro cimeriano que se torna seu melhor amigo. Levando a cabo a velha fórmula das adaptações épicas aproveitada por Princípe da Pérsia, por exemplo, o filme ressalta bem os atos de bravura e o espírito machista de nosso herói, que passa o filme todo protegendo a moça de sangue puro Tamara (Rachel Nichols, de G.I Joe) que mais tarde se tornaria seu interesse amoroso. Mas nem mesmo o rostinho bonito da atriz salva o longa, visto que as mulheres da Era Hiboriana deveriam ser mais selvagens e menos femininas, se levarmos em conta os antigos filmes do bárbaro. Se nos quadrinhos os inimigos mais impactantes eram monstros e criaturas do sobrenatural, no filme os fans foram presenteados por... monstros de areia (!), outro elemento que nos faz recordar do já citado Príncipe da Pérsia. O que vem depois, lutas de espada, feitiçaria, frases de efeito, amizade com larápios e o combate final na ´´toca do lobo``, culmina no fim previsível do vilão principal ao modo literal que termina o filme do He-Man, seu filho bastardo. A história só não é pior porque a personagem de Rose Mc Gowan dá o toque sombrio que os leitores dos gibis buscavam encontrar no longa, já que Stephen Lang não deu conta da tarefa fazendo um ditador mais clichezado possível.
Se pode não ter agradado os fans do bárbaro, ao menos as crianças podem ficar satisfeitas. É o filme ideal para se assistir nas férias, em DVD ou na seção da tarde. Com toda violência que tenha, quem mais vai se encantar com certeza são pessoas da mesma faixa etária que curtia as aventuras do princípe de Eternia.
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