domingo, 13 de novembro de 2011

Matéria minha publicada na revista Mais Mulher de Votuporanga - SP

Gigantes de Aço – Um animê filmado


Pode até ser exagero considerar o novo filme de Shawn Levy (Uma Noite no Museu I e II) como uma ode aos desenhos animados japoneses onde crianças e adultos constroem, colecionam e controlam robôs em lutas em arena, mas é com o espírito de combate de um caçador Pokemon ou de um perito em games Monster Rancher que Charlie (Hugh Jackman) e Max (Dakota Goya), respectivamente pai e filho, levam o filme adiante. Não que isso seja ruim, ao contrário, os otakus agradecem. Num futuro próximo a tendência natural dos amantes de esportes violentos chega ao ápice, de modo que o desejo de assistir seu lutador favorito trucidar o adversário obriga a substituição dos participantes por máquinas, estas sim podendo levar umas às outras às últimas consequências. Charlie, um fracassado, porém persistente treinador/criador de gigantes gladiadores constrói suas máquinas a partir de sucatas, pegando empréstimo com agiotas para financiamento e envolvendo-se em combates ilegais no submundo, sempre passando por humilhações e vendo seus ´´brinquedinhos`` serem massacrados até por simples animais. Seu maior defeito não é a falta de habilidade em controlar as máquinas que parece fácil para quem sabe jogar qualquer videogame, mas sim sua teimosia. Somente um garoto, Max, seu filho com quem tem o primeiro contato após a morte de sua ex namorada e mãe da criança é capaz de ensiná-lo a aproveitar matérias primas já existentes e mostrar que um campeão não precisa ser uma máquina destrutiva de última geração, apenas de um bom treinamento, o que faz Charlie reviver o ex pugilista (real, não virtual) ao controlar um robô que obedece à função sombra (repetição de movimentos). Ao lado de Bailey (Evangeline Lilly), Charlie e seus estranhos robôs compõem a família que leva Max, a princípio uma fonte de dinheiro para o falido ex pugilista, se ver conquistado e envolvido até o pescoço em um mundo de competição, dinheiro, aposta e fama. Charlie se rende ao envolvimento e ao sonho do filho, fazendo a dona de sua guarda (personagem de Hope Davis) torcer pela união e vitória dos dois. O final fica em aberto, mas consegue passar a mensagem com perfeição. As crianças, ao menos, ficam satisfeitas.


O MMA (Mixed Martial Artes) é um esporte que vem se tornando cada vez mais emergente aqui no Brasil, prova disso são nossos campeões Vitor Belfort, Anderson Silva e Antonio Minotauro em evidência nos últimos anos, lançando até linha de bonecos. Não podia faltar referência do filme ao Brasil, em especial à família Gracie. Aproveitando a repercussão que o UFC vem trazendo às artes marciais e as discussões abertas sobre o que é saudável ou brutal e comparações com outras lutas como o boxe, desde sempre considerado um esporte nobre, Gigantes de Aço dá fim a tudo isso e expõe o que supostamente seria o que faz os espectadores vibrarem de verdade; sangue, violência e a destruição do oponente. Isto somado a um universo futurista em que talvez as artes marciais sejam os primeiros esportes em que as máquinas superem os humanos. Mas o apelo infantil é ainda maior que qualquer discussão filosófica do que é o futuro, robôs e nosso apreço por rinhas esportivas. Entrando no campo dominado por Transformers que mais tarde virá linha de brinquedos caça níqueis de robôs esmagadores, temos um aprendiz de Justin Bieber e um robô dançarino que não podiam faltar no filme, pois como nas palavras do personagem de Hugh Jackman ´´Todo mundo gosta de crianças``. É lembrado também o antigo conceito de que muitas vezes as crianças dão um banho nos adultos e enxergam coisas que normalmente não vemos, e a lição de moral clássica feminista de que para unir pai e filho basta um equipamento eletrônico de alta geração e o interesse comum por máquinas ferozes.

Outros campeões:
O filme pega emprestado ingredientes de outros filmes de lutadores, como o clássico Rocky, o lutador. Mas o combatente em questão não é o robô, que em todo tempo é lembrado que é uma máquina, e sim Max, que insiste em um robô fora de linha. Tal como Rocky em seu último filme, o robô é considerado campeão mais pela perseverança do que pela força física, o que seria óbvio, do contrário seria insultar a inteligência do espectador, mesmo as crianças. No final o saldo é positivo. Reunindo grandes nomes no elenco, luta livre entre máquinas, esperteza infantil e lição de amizade entre pai e filho superando anos de mágoa e ausência, é um filme que pega os pequenos de jeito.


Leia também:

Conam, o Bárbaro - O cimério revive no cinema após um hiato de 27 anos




As Relíquias da Morte - Parte 2: O fim de uma era
http://orgulho-nerd.blogspot.com/2011/08/materia-minha-publicada-na-revista-mais.html

Se beber, não case! - Parte II 

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