O Princípio do Fim.
A primeira parte que encerra a saga da escritora Stephenie Meyer adaptada ao cinema entra em cartaz com tudo que os fans esperavam, o casamento de Bella (Kristen Stewart) e Edward Cullen (Robert Pattinson) que dá início ao filme de uma maneira bem humorada e romântica, com todos os amigos e familiares reunidos e se entendendo, apesar das diferenças bizarras entre as duas famílias que não passam despercebidas aos olhos de Charlie Swan (Billy Burke), onde até mesmo Jacob (Taylor Lautner) foi convidado mesmo não se misturando com os demais, e a lua de mel em nossa Cidade Maravilhosa passando pala Lapa, Mirante da Glória e uma luxuosíssima casa na praia onde se dá a primeira vez de Bella e Edward (!) que enfim encontra a mulher ideal após um século de existência. Como nem tudo são flores, crises de identidade começam a aparecer na vida do casal, o que não poderia faltar principalmente em se tratando de espécimes diferentes, mais ainda, Bella acaba engravidando. Diferença entre a genética de ambos acaba resultando numa complicação que manda a lua de mel por água abaixo. E é exatamente nesse ponto que o filme começa a adensar a atmosfera, tornando o clima sombrio. A outrora jovem Bella recém-casada e bonita torna-se desagradável aos olhos e a partir daí o roteiro gira em torno de sua gravidez de risco e sua enfermidade por esperar uma criança incompatível com seu genes. É interessante vê-la esgotada, desnutrida e sem conseguir se alimentar, isso faz com que Jacob se una à família Cullen contrariando seu próprio clan a favor de um bem em comum; o interesse por Bella. Amor igualmente incondicional como o que os dois sentem por ela, Bella, como todas as mulheres que experimentam o sentimento materno, quer que tudo ocorra bem em sua gestação e fantaseia com seu futuro filho com Edward, fazendo planejamento e até escolhendo nomes, se recusando a tirá-lo não importando o mal que o ser em seu ventre possa lhe causar. Vampiros nunca haviam sido concebidos dessa maneira antes. Esse mesmo tipo de amor materno por uma criança fruto de uma relação sobrenatural está presente no grande clássico de Roman Polansky, O Bebê de Rosemary, cujo final deixado em aberto faz o espectador tentar imaginar o que seria a relação ideal de mãe e filho nesse sentido, visto que no final de Amanhecer Bella revela-se ter se tornado tão sobrenatural quanto à criança que carregava no ventre e à sua recém família, implicando numa responsabilidade não planejada, mas que ainda assim será cobrada; a mãe do mais novo herdeiro dos Cullen. Com esse final a primeira parte de Amanhecer se encerra com chave de ouro, deixando para a segunda parte duas novas grandes expectativas, o nascimento do primeiro filho do casal e a finalmente transformação de Bella Swan em vampiro.
É claro que os fans mais participativos já sabem como se encerra a saga, e nesse sentido Amanhecer utiliza o mesmo recurso do capítulo final de Harry Potter nos cinemas, adaptado em duas partes, mas no caso de Crepúsculo deve ser melhor aproveitado, dando espaço para as subtramas serem melhor exploradas e divididas. Se a premissa da segunda parte é tratar da metamorfose de Bella em uma legítima pertencente do clan dos Cullen, na primeira foi ´´sua iniciação`` e o recebimento de um hospedeiro bem ao estilo A Experiência (Roger Donaldson), e mais longe ainda, Alien – a Ressurreição (Jean-Pierre Jeunet), que a deixa invalidada depois de alguns bons minutos de filme e começa a sentir um desejo por sangue, e assim torna-se a se alimentar, mesmo que sendo o seu próprio. É de embrulhar o estômago. É o filme mais aflitivo e obscuro até agora. Ganha pontinhos extras com a lembrança de um clássico do terror que faz alusão a este, A Noiva de Frankestein (James Whale), que um até então jovem Edward assiste no cinema. Será que a sequencia vai encerrar a saga com chave de ouro ou vai ser uma lástima como o que fizeram com Harry Potter? É esperar para ver.
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