Alguém lembra dos gibis da Luluzinha e do Bolinha, que não eram a turma da Mônica, mas marcaram a infância de muita gente? Eram distribuídos pela editora Abril até a primeira metade dos anos noventa. Atualmente a turma da menina de cachinhos e do menino rechonchudo composta por Glorinha, Plínio, Carequinha, Juca, Zeca, Alvinho, Aninha, entre outros, não são mais reconhecidos pelos gibis por quem tem menos de vinte e poucos anos, mas sim pelos desenhos animados. Já os desenhos eu não curti, pois já estava um tiozinho quando começou a pintar por aqui (quinze anos, hehe). Mas os gibis ficaram na memória e na saudade. Eis que nos últimos dias tive uma surpresa bizarra ao tomar conhecimento de que a turminha da outra menina de vestido vermelho retornava aos gibis, mas dessa vez, assim como a turma da Mônica jovem, em estilo mangá (!) Realmente não era o retorno triunfal que eu achava merecido, ainda mais pegando embalo no que eu julgava como mau exemplo para os quadrinhos nacionais. Os gibis do Bolinha e da Luluzinha já estavam esquecidos, custava deixá-los vivos apenas na nossa memória? Mas não, tiveram que desenterrar para esculhambar, para mim é como chutar cachorro morto. Tá certo que Luluzinha e cia não é uma criação nossa, são personagens norte americanos, mas o ´´mangá`` deles será produzido aqui, e não satisfeitos em descaracterizar a criação dos outros, ainda vão fazer as historinhas passarem aqui, como se eles sempre morassem no Brasil. Sem esquecer de mensurar que os personagens vão estar mocinhos, uma chupação discarada da nova invenção de Maurício de Souza, ficando assim impossível distorcer ainda mais a imagem dos coitadinhos. Nem preciso dizer que a Luluzinha não vai ter mais seus tradicionais cachinhos, que para mim seria a Mônica sem os dentões, tornando-se uma moça vaidosa de cabelos lisos de chapinha, porque a essa altura já seria um mero detalhe. Talvez o Bolinha tenha se tornado um moço saradão, quem sabe? O lado bom disso tudo é que vai se tratar, bem ou mal, de um produto feito em nossa terra com nossos profissionais. Vai ter gente se perguntando por que em vez de mexer com a turma da Luluzinha não criaram algo totalmente novo, mas aí a gente imagina que a turma da Mônica jovem abriu uma cratera enorme para a criação comercial desse tipo, mexer com uma galerinha inocente as tornando adolescentes desenhados com traços de mangá. Como já disse em outro post e que não é novidade para ninguém, tudo que faz sucesso gera imitação, e a Turma da Mônica Jovem, pelo que li a respeito, está vendendo o dobro que os quadrinhos tradicionais de Maurício de Souza, mas talvez seja um modismo.
Revendo meus conceitos, não julgo a idéia do Maurício de Souza de criar uma coisa nova, mas acho que com o nome foda que ele tem podia criar uma turminha feita exclusivamente para seus mangás, e deixar evidente na capa ´´De Maurício de Souza``, ou ´´Do criador da turma da Mônica``. Ou então, como ele já tem personagens adolescentes, como a Tina, Rolo, Zecão, Pipa, Jaiminho, usasse esses mesmos para transformar em mangá, e não em fazer a tradicional turminha cravada na infãncia de todos crescer e se modificar, como o Cebolinha falar certo e parar de aprontar, o Cascão tomar banho, a Magali ter menos apetite e a Mônica aposentar o coelhinho, além da pegação entre os personagens distorcendo a inocência dos gibis. Aí não dá, né? Mas, como os gibis são uma criação comercial e o intuito é ganhar dinheiro, e os mangás de Maurício de Souza, como ele diz, terem dado certo e rendendo ao bolso de seu criador, não podemos dizer mais nada. Só não acredito que os gibis da turma da Mônica possam estar indo mal nas vendas, é o gibi mais consumindo no Brasil inteiro, inclusive usado para alfabetização, o que o Maurício pode estar fazendo é dando um ´´upgrade`` na sua carreira. Ou quem sabe, com o advento da Internet, os gibis não são mais tratados como eram antigamente. Isso me lembra a Dc Comics no início dos anos 90, quando os gibis passavam a despencar na popularidade e começava a se inventar coisas, a apelar para atrair mais leitores, como a morte do Super Homem e o Bat Man ficando paraplégico, destruindo personagens marcantes na cultura de massa em uma desesperada tentativa de se lucrar mais com os quadrinhos.
Voltando a Turma da Luluzinha que também cresceu e virou mangá, li também que foi gasto uma nota só para definir o figurino dos personagens. Parece que estão investindo demais na coisa. Foi uma estilista de moda (não sei exatamente o nome dela, algo como Glória Kalil ou Tânia Kalil) que criou o design fashion das roupinhas da galera do clubinho ´´menina não entra`` e do ´´menino não entra``. Já no primeiro número adivinha só quem aparece? A cantora Pitty (Aê, da-lhe Brasil!!!!!!!!!!!!!!!!!!!), e com isso o aventureiro mangá ganha ponto, pelo menos comigo, é ótimo adicionar cultura nacional a algo que não foi elaborado especificamente por nós. E tomara que seja assim sempre, mesmo utilizando traços de mangá, que esteja presente elementos de nossa terra, valorizando nossa gente, nosso espaço, nossos artistas, nossas músicas. E se o bagulho é doido mesmo e a gente não pode fazer nada para mudar senão aceitar, que role um encontro entre as duas turminhas bem ao estilo crossover de Dragon ball e One Piece. O que podemos fazer é desejar boa sorte, não só para as mudanças e estilos novos, mas para todo quadrinho nacional, o que for fabricado aqui tem que ser bem vindo. E desculpem se eu pareci rabugento, talvez eu esteja ficando velho para aceitar tais mudanças tão de imediato.