quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Círculo de Fogo - Crítica

Texto saído na Revista Mais Mulher de setembro/ 2013

Os Monstros de Guillermo del Toro




















Guillermo del Toro sem dúvida é uma escolha acertada para a direção de Círculo de Fogo, embora alguns torcessem o nariz por não conseguirem o imaginar dirigindo uma aventura sci-fi nos moldes de Transformers, que tirando o visual tem muito pouco em comum. Acontece que o cineasta mexicano é fan confesso de monstros, devemos lembrar de clássicos como Hellboy, O Labirinto do Fauno e Mutação, sem esquecer também que a arte em seus filmes é um primor. Cotado para dirigir O Hobbit, que coescreveu, e a adaptação do livro Nas Montanhas da Loucura, projeto abandonado devido ao lançamento de Prometheus nos cinemas, que também se baseava na obra, só agora Del Toro assume a cadeira de direção depois de Hellboy II – O Exército Dourado (2008). Enquanto isso acumulava funções de roteirista, produtor e consultor em outras produções. Enfim, Círculo de Fogo é o filme pelo qual Del Toro sempre sonhou. Sua infância nos anos 60 foi marcada pela ascensão de produções japonesas que conquistavam o mundo afora, de monstros como Godzila a heróis prateados que se tornavam gigantes, como a família Ultra. O gênero Tokusatsu como é conhecido tais séries (do japonês Tokushu Kouka Satsuei, que significa ´´filme de efeitos especiais``) perdura até hoje e foi um dos principais fatores influencia de sua carreira artística. Círculo de Fogo (no original Pacific Rim, uma região do norte do Oceano Pacífico conhecida por frequentes terremotos a alta atividade vulcânica) conta a história de criaturas gigantes de outra dimensão que atravessam uma fenda do oceano para nosso planeta, os chamados Kaijus, como são conhecidos monstros gigantes no Japão, ameaçando a humanidade e devastando tudo que veem pela frente. De onde vieram e quais são seus objetivos é um mistério, mas pouco importa, já que a premissa do filme é divertir todas as faixas de público em pouco mais de duas horas de ação e efeitos especiais, além de homenagear os clássicos filmes e seriados japoneses que fizeram parte da infância de muita gente. Porém, o roteiro sem profundidade pode incomodar o espectador mais radical. Charlie Hummam interpreta Raleigh Becket, um dos pilotos de Jaegers, robôs colossais usados como arma de combate contra os Kaijus, desenvolvidos pelo governo mundial. Seu sistema de controle depende da interação direta dos movimentos de seus pilotos, uma só pessoa não pode suportar toda carga neural causada pela conexão com o Jaeger, por isso duas pessoas, cada uma representando o equivalente a um lado do cérebro, o controla simultaneamente, e quanto maior a capacidade de sincronização dos movimentos da dupla, melhor sua eficiência em combate. Com a morte de seu irmão em uma batalha, o insubordinado Becket passa anos afastado, Jaegers são destruídos, e enfim ele é convocado novamente pelo Comandante Stacker (Idris Elba, Prometheus) a pilotar um dos poucos Jaegers que restaram. Em seu novo refúgio conhece novos companheiros de combate, entre eles personagens que estão ali apenas para dar tempero à história, oferecendo rivalidade infantil e apresentando crises existenciais e familiares, um dos mais interessantes é o Dr Newton Geiszler, interpretado por Charlie Day, que faz uma dupla de cientista com Gottlieb (Burn Gorman), responsável pelo alívio cômico. Numa divergência com seu colega, Geiszler tem uma ideia absurda que faz com que Stacker, sabendo que não teria nada a perder, o mande para o mercado negro em busca de pedaços de cérebro de Kaijus para conclusão de suas experiências. Conhece assim o traficante de carcaças com o sugestivo nome de Hannibal Chaw (Ron Perlman, o Hellboy). Perlman faz uma brilhante participação e seu personagem rende momentos divertidos. Mako Mori (Rinko Kikuchi, Babel) é uma treinadora que acaba se tornando a copiloto de Becket, a terceira personagem importante do longa. Em meio a inegável rivalidade com pilotos e Jaegers de outras nacionalidades, era indispensável a participação de alguém de olhinhos puxados na equipe dos heróis, a mesma pessoa que, num momento em que as coisas não estavam bem, apresentou uma solução familiar a quem já assistiu muitos combates como aqueles; os Jaegers tem espada. Como Becket, Mako tem um passado atormentado, e pior ainda, de quando era uma menina indefesa. Juntos, Becket e Mako devem superar seus traumas e medos para seus cérebros ficarem livres para sincronizarem seus ataques com precisão no combate aos terríveis Kaijus, contando no momento certo com o sentimento de amizade e heroísmo de Stacker, a tanto adormecido.

A Produção


Como dito desde o princípio, a intenção de Guillermo del Toro não era fazer uma refilmagem de um clássico, nem fazer paródia, e nem mesmo uma homenagem, e sim uma releitura de uma mitologia que o acompanhou por anos e anos. De fato, tirando a premissa original, Círculo de Fogo é um blockbuster americano como qualquer outro, particularmente senti falta de outros elementos que lembrassem a cultura nipônica e de uma trilha sonora envolvente, daquelas que grudam no ouvido e trazem a lembrança do filme para sempre. No geral, é um filme muito bem produzido, seus efeitos especiais são perfeitos, os Jaegers e os Kaijus se movimentam de acordo com sua estatura dando impressão de realidade, e para adequá-lo a todas as classificações, não há pessoas sendo esmagadas ou destroçadas (com duas exceções, sendo que uma delas nem é tão nítida). Os efeitos em 3D, exigência do estúdio, contrariou o que Del Toro tinha em vista para seu lançamento, e não é para menos. Numa estratégia caça níquel quiseram fazer pensar que o uso do efeito tridimensional deixaria tudo mais encantador, esquecendo que o filme por si só já tem um espetáculo visual a oferecer. Estamos falando de um filme de Del Toro, onde com a direção de arte, cenografia e maquiagem se faz milagres.










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