Que Street Fighter é um dos principais (ou quem sabe o principal) jogo de luta dos anos 90 ninguém discute. Mas sem sombra de dúvida o jogo mais versátil, no quesito variação de personagens é World Heroes II (não confunda com essa tosqueira), no tempo dos consoles 16 bits antes de sonharmos com jogos com mais de 30 lutadores selecionáveis para plataformas mais avançadas. O primeiro World Heroes data de 92 e conta com apenas 8 lutadores e o chefe final, padrão normal para os jogos de luta da época, mas foi um ano depois que a ADK, empresa que elaborava e lançava os jogos, veio com a versão que apresentava mais 6 lutadores e mais um chefão final, todos eles com características bem mais distintas que os lutadores de rua da Capcom, não estando restritos ao universo das artes marciais. Devido ao sucesso do primeiro jogo a ADK se juntou à outra empresa de games, a SNK, que lançou Fatal Fury e Art of Fighter, hits dos arcades e dos consoles caseiros pelo mundo afora, o que permitiu o lançamento para plataformas como Neo Geo e Neo Geo CD. Pena que a molecada de hoje não conheça este que foi um grande jogo de luta, pois terminou em sua quarta versão, lançada em 95, e antes que se perguntem, não, World Heroes não foi superado, pois já era muito bom, apenas ganhou detalhes como melhorias no gráfico, golpes novos, qualidade da trilha sonora e um ou outro personagem novo. Mas o que me bastava mesmo e me fazia considerar um dos games mais fodas do Super Nes é World Heroes II. Quando Fatal Fury e Art of Fighters se fundiram transformando os lutadores em personagens de uma franquia só, The King of Fighters, World Heroes ficou de fora. Isso porque a ADK provavelmente teve medo de perder os direitos exclusivos dos personagens, vai saber. Mas não importa, quem sabe foi até melhor assim, ia descaracterizar a mitologia e o charme dos personagens.
Vez ou outra eu ainda me flagro jogando esse clássico pouco aprofundado em terras brasileiras, quase sempre com Brocken, meu favorito. Imagina um jogo de luta com personagens tipo robô, jogador de futebol americano, um viking, um pirata, a Joana Dark! (Nunca soube se era a própria ou uma referência), um mago russo, um feiticeiro vodu da Indonésia, um metamorfo feito de cristal líquido idêntico ao Surfista Prateado, que tem o poder de se transformar em qualquer lutador do jogo bem ao estilo Shang Tsung, fora outros mais convencionais, mas sem pecar pela falta de originalidade, como um personagem que alude (ou quem sabe é o próprio) ao Bruce Lee. São eles:
Fuuma: Um ninja do Japão feudal, de cara limpa e quimono estiloso, cujos golpes são shurikens de fogo, ´´Dragon Punch`` envolto por um dragão oriental flamejante e estrelinha giratória planadora com o corpo. Pois é, também encontro aí semelhanças com os personagens de Street. Normal.
Hanzou: Como todo jogo de luta que se preze dos anos 90, o uso de dois lutadores semelhantes era um xavão repetido exaustivamente. Pertencente ao clã rival de Fuuma, Hanzo tem golpes e magia parecidos, com uma ou outra diferença.
Jhonny Maximum: Um jogador de futebol americano gigante. Possui a conveniente fire ball de bola de futebol americano. Às vezes ele ´´chuta`` uma dessas para cima do adversário.
Capitão Kid: Pirata escocês. Possui bons golpes e poderes provenientes do mar, como navio pirata e um tubarão de energia.
Ryoko Izuna: Essa personagem foi baseada numa judoca adolescente que disputou nas olimpíadas. Possui uma fire ball que não sai do lugar, só serve se estiver muito perto do oponente ou se o tonto pular em cima.
Shura: Lutador de Muay Thai. Para mim é o Sagat e o Joe Higashi de World Heroes. Só que um pouco mais baixinho e minguado. Detalhe curioso: os monges tailandeses do estádio dele dando pulinhos é hilário.
Erick: O viking. Nome sugestivo o dele, não? É forte, selvagem e luta com dois machadinhos (lutar armado pode?). Possui um golpe congelante a la Subzero, mas sem petrificar o adversário; ele simplesmente vira um bloco de gelo e desaba no chão, em seguida voltando ao seu estado normal e perdendo energia. Também tem outros poderes vindos da água, como a ondinha que ele manda em direção ao adversário.
Rasputin: Mago russo, existiu de verdade, sendo uma figura lendária. Suas mãos e pés ganham proporções enormes quando vai golpear o adversário, e tem um golpe que até hoje acho hilário, ele prende o adversário entre suas duas mãos gigantes e fica ´´batendo palminha`` o sufocando, entoando uma risadinha ou gemidinha tosca. O que também me faz rir é seu golpinho giratório, não sei por que, talvez por ele ser velho. Eu acho o personagem mais engraçado do jogo.
Muscle Power: Lutador de luta livre que na minha opinião é mais caracterizado e mais fácil identificar como um do que o Zangief, lembrando os lutadores americanos das antigas. O personagem parece até o He Man. A defesa do bicho faz a gente acreditar o quanto o cabra é homi, ele simplesmente abre o peito para a pancada do oponente, este é seu conceito de proteção. Prefiro o Wrestler do Hulk Hogan do que qualquer MMA, por ser mais divertido (e mais carnavalesco também).
Mudman: Feiticeiro vodu. Eu achava que era haitiano, mas pesquisando na web vi que ele é da Indonésia. Usa uma máscara primitiva gigante que cobre boa parte de seu corpo. Lembra um daqueles pajés das tribos indígenas brasileiras. Durante a luta, Mudman evoca uns espíritos pequeninos para ajudá-lo, inclusive cuspindo alguns deles para cima do adversário, no sentido literal de magia, e constantemente ataca com um golpe giratório planador semelhante ao de Fuuma e Hanzo. Um dos meus lutadores preferidos. Ele é como o Dhalsin do jogo, mas eu ainda o acho bem mais bizarro.
Dragon: Bruce Lee. O Fei Long do jogo, o Liu Kang. Precisa dizer mais? Não tem magia como fire ball, só uma voadora flamejante e uns soquinhos ligeiros como os chutes da Chun Li.
Janne: Todo jogo bom de luta tem que ter uma gatinha, e que gatinha é essa Janne! Loira, excelente espadachim, luta sempre segurando duas espadas (olha a mente poluída). Seu golpe mais interessante é o fire bird, uma espécie de fênix maluca que ela lança como fire ball.
Julius Carnn: Um guerreiro mongol (pronto, trocadilho de novo). De todos esse era o que eu menos gostava. Baixinho e gordinho feito a Mônica, é ágil e tem golpes fortes, porém é bem feinho e parece um pavão de tão enfeitado. Quando vence uma luta, aparece na comemoração com unhas grandiosas também, que mais parecem garras.
Neo Geegus: Uma mistura de Exterminador do Futuro com Surfista Prateado e Shang Tsung. Um dos chefões finais. Tem o interessante poder de se transformar em todos os lutadores, mas ao contrário do personagem de Mortal Kombat que exibia uma metamorfose perfeita, a de Geegus permanecia com a mesma cor (cor de metal líquido, denunciando a versão paraguaia).
Neo Dio: Igualzinho a Geegus, só que cabeludo. Na verdade foi criado bem antes de Geegus adquirir ´´tonalidade parecida``, sendo dr Brown seu inventor, que também é criador de Brocken. Neste World Heroes Neo Dio é o vilão final.
Brocken: Como já disse, esse é meu lutador preferido. Um robô criado a pedido de Neo Geegus para ser usado na Segunda Guerra Mundial, e dado de presente para ninguém menos que Adolf Hitler. Dr Brown, o cientista, se arrepende do monstro que criou e tenta esconder esse matador de judeu. Começa então a elaborar um projeto de máquina do tempo para trazer os maiores guerreiros de toda a história mundial para o combate ao nazismo, daí toda a história do jogo começa. Com visual de soldado alemão nazista, o robô tem longo alcance no combate corporal devido a seus membros superiores e inferiores esticarem feito o Dhalsin. Possui golpes interessantes, como o superman de Raiden, a descarga elétrica e o míssil que projeta fazendo o adversário arder em fogo, sem mensurar os raios que saem dos dedos. Afinal, ele é uma máquina, além de, de certa forma, ser o personagem principal, pois sem ele o roteiro do jogo não existiria. O que mata mesmo é o final, se você zerar com ele vai ver que o bicho metálico é bem menos estiloso sem uniforme.
World Heroes no geral é influenciado pelo estilão do mangá e do animê, não a toa fez bastante sucesso no Japão. Um detalhe do jogo que me agradava era que para cada botão que selecionasse o lutador ele ficava numa cor diferente, e além das cores originais as opções coloridas eram grandes, dessa forma podíamos variar e não enjoar tão cedo do personagem. Outro ponto interessante é que podíamos selecionar o modo como jogar, o normal e o Survivor Match, em que em cenários totalmente diferentes a luta se dava em meio a obstáculos como cerca eletrificante, raios que caem de cima, minas explosivas e paredes cheias de espinho, tudo para dificultar o combate, e a barra de energia é uma só para os dois lutadores sendo que a função era fazer a barra acabar para o lado do adversário, que após a derrota ainda tem dez segundos para decidir se levanta e continua o combate. Mas eu sempre preferi o modo normal. A história talvez seja a mais inovadora e fictícia do mundo dos jogos de luta, a mitologia gira em torno da Segunda Guerra Mundial, máquina do tempo, personagens de diferentes períodos da história do mundo e seu desejo de voltar para sua época. Se você é daqueles que nasceram no tempo do Playstation para cima, não perca tempo e baixe um emulador de Super Nintendo e o jogo World Heroes II. Você vai se surpreender.
A estátua que oculta seres perigosos. |
A voadora flamejante de Dragon. |
Olha só como o cenário fica no modo hard Survivor Match. |
Neo Geegus na forma de Mudman. |
Neo Dio caindo no braço. |
A seguir os cenários de luta de cada personagem nas duas versões, a normal e a Survivor Match, ou como muitos preferem, Death Match.
Brocken
Versão normal
Versão Survivor Match
Dragon
Normal
Survivor Match
Fuuma
Normal
Match
Hanzou
Normal
Death
Janne
Normal
Match
J. Carnn
Normal
Match
Muscle Power
Normal.
Match
Maximum
Normal
Match
Capitão Kid
Normal
Match
Mudman
Normal
Match
Ryoko
Normal
Match
Rasputin
Normal
Match
Shura
Normal
Match
Erick
Normal
Match
Chefões
A versão match de Neo Dio é a mesma do Erick.