Homem de Ferro III
Robert Downey Jr se despede do herói metálico.
De Os Vingadores o alter ego de Tony Stark é o que mais se popularizou, rendendo três filmes solos que completam o ciclo já bem explorado do herói. Já estava na hora de trabalhar melhor os outros integrantes que logo estarão de volta ao cinema, e até que se estude um novo Os Vingadores, que ainda vai render pano para manga, o Vingador Hi - Tech já está oficialmente enterrado. O questionável é se de fato a trilogia teve o desfecho merecido. Os dois primeiros filmes dirigidos por Jon Favreau tinham como missão dar o passo inicial a um projeto há muito idealizado, um filme de Os Vingadores que reunisse de forma audaciosa grandes heróis do universo Marvel, e explorar mais a fundo este que seria um dos focos do grupo. O terceiro Homem de Ferro, dessa vez dirigido por Shane Black, se passa após os eventos ocorridos em Os Vingadores. Tony Stark encontra-se com sérias crises existenciais depois dos apuros passados na batalha contra Loki e seus Chitauri ao lado de seus novos companheiros, entre eles um super soldado, um deus e um monstro, enquanto ele não passa de um simples mecânico com verba para bancar suas geringonças. Além disso desenvolveu ataques de crise de pânico sempre que sente o emocional abalado, o que o fez se tornar recluso e passar seus dias e noites imerso na elaboração de seus ´´brinquedos``, seu mais novo hobby. O pano de fundo do roteiro é a adaptação livre do arco das histórias em quadrinhos Extremis, de 2005. Cientistas que tiveram ligação com Tony Stark produzem a tecnologia Extremis, que permite a regeneração de partes amputadas do corpo, porém o DNA geneticamente alterado dos hospedeiros os tornam seres flamejantes capazes de explodir quarteirões quando assim desejarem. Apesar de ser o dr Aldrian Killiam (Guy Pearce) o principal antagonista, um dos principais vilões dos quadrinhos garante sua presença, o Mandarim, embora aqui sofresse injusta descaracterização que até pode funcionar dramaturgicamente, mas infiel à sua origem quadrinística, o que provoca revolta justificável de quem é companheiro antigo do herói enlatado, sem mensurar sua retratação como uma espécie de Bin Laden. Mas Ben Kingsley, coitado, não tem culpa de nada e faz um bom trabalho. Uma provocação midiática de Stark ao mais novo terrorista do pedaço o faz se arrepender e passar o resto do filme tentando aprender a ser uma pessoa melhor, inclusive fazendo amizade, mesmo que a princípio por interesse, com o garoto Harley (Ty Simpkins), gerando momentos cômicos e referências a outros personagens da cultura pop.
De fato Robert Downey Jr vive um dos personagens mais engraçados do universo dos super heróis no cinema. Apesar das provações que se vê obrigado a passar, das perdas e necessidade de se virar sem poder fazer uso da armadura, ele continua o mesmo de sempre. O que incomoda o espectador é vê-lo se safar de enrascadas em seu estado civil, sendo que Stark ao contrário do Bruce Wayne, por exemplo, não passa de um mauricinho quando impossibilitado de contar com seus equipamentos de combate. Deixando um pouco de lado suas estimadas armaduras, o já citado Harley passa a compor com Stark um sistema de parceria e cooperação que ambos aprenderam a lidar, não é difícil enxergar nele um equivalente do garoto prodígio do Batman. O diretor dos longas anteriores está de volta com seu Happy Hogan, agora com participação mais substancial. O funcionário das Indústrias Stark sofre um grave acidente provocado por hospedeiros do projeto Extremis, uma das motivações de Stark para combater os envolvidos, bem como a ameaça que Pepper Potts (Gwyneth Paltrow) passa a sofrer depois de se tornar sua companheira oficial. A personagem de Gwyneth Paltrow embora fosse de suma importância nos filmes anteriores é neste que notamos sua relevância para o próprio protagonista, que nos é sugerida já quando a mesma veste a armadura do herói pela primeira vez numa ação desesperada de proteção de Stark, e ainda nos deixa pensando no final que sua participação não se encerra inalterada ao lado do herói, sem se tornar, digamos, mais ´´super`` que ele. E é claro que no meio disso tudo continuamos contando com a camaradagem de Rhodes (Don Cheadle), personagem tão importante na vida do cabeça de metal que encarnou por tanto tempo o Máquina de Combate, uma variação do Homem de Ferro, inclusive se passando pelo próprio nos quadrinhos, que agora torna-se o Patriota de Ferro, uma fusão de Homem de Ferro com Capitão América refletindo o comportamento narcísico americano que o roteiro faz questão de criticar de forma inteligente.
Apesar de Tony Stark ter participação maior do que como Homem de Ferro, esta foi a chance de vermos todas suas armaduras (mais de 40) funcionando sozinhas em combate, e todos seus brinquedos rendem participação importante do jeito que gostamos. Mark 42 agora age como um personagem autônomo, apenas se servindo de reparos de seu projetista, e a versão computadorizada de seu fiel mordomo Jarvis se mantém como o mentor onisciente de nosso herói até o final. Seus colegas super-heróis são apenas levemente arranhados, como na costumeira cena pós crédito em que Stark interage com outro membro de Os Vingadores, mas é só uma cena cômica e nostálgica, mais nada. Como especulava-se, agora parece certo que se Homem de Ferro retornar, não será mais Robert Downey Jr. Resumo da ópera, Homem de Ferro III é somente um filme funcional, com belíssimos momentos de ação, citando o melhor de todos o salvamento das pessoas despencando de um avião em queda livre, fazendo o enlatado provar seu potencial e o que acredita ser o seu significado de herói. Claro que, como já é comum, o presidente dos EUA aqui também é a rosa mais bela. Quem gosta do personagem, ou mesmo só dos filmes, não vai encontrar muitos defeitos no desfecho da trilogia do herói marvete com pinta de herói japonês. E independente de tudo os estúdios Marvel\Disney vão lucrar muito ainda com os brinquedinhos e jogos de videogame do personagem.
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