Muita gente pode não saber, mas nem todos os amigos de Mickey Mouse tem tanta fama e glamour, ou pelo menos não por muito tempo. É o caso de Esquálidus (Eega Beeva ou Eta Beta, há controvérsias), personagem que nem americano é, criado pelo estúdio Disney da Itália em 47. Esse personagem obscuro que eu acho simpático apesar de parecer uma vítima de febre amarela é a concepção do ser humano do futuro (eu hein) encontrado numa caverna pelo Mickey quando procurava abrigo para escapar de uma tempestade. Em suas primeiras histórias só se comunicava através de gestos e pouco depois era conhecido por falar a irritante linguagem do P, iniciando toda palavra com essa letra, ou seja, ao invés de Mickey Mouse a criatura falava Pmickey Pmouse. A Disney italiana queria passar a mensagem às crianças de que dinheiro não é tudo, por isso a idealização de nossa raça lá adiante deveria ter alergia a dinheiro e ser mais amigo do próximo, tornando-se assim o melhor amigo do Mickey depois do Pateta. Como habilidades especiais ele tinha superforça, levitava, atravessava paredes, era extremamente criativo, não tinha sombra (!) e viajava no tempo, tanto que foi parar na então época contemporânea em que Mickey vivia. O saiote que usava era como um Bat-cinto e dentro dele podia armazenar o que se pudesse imaginar, em sua dieta incluía borracha e palha de aço, e assim como seu amigo Mickey tinha o Pluto, ele também tinha seu mascote, o cachorro, ou melhor, o gazecaradràursa (sério mesmo, a raça do bicho) Pflip, igualzinho a ele.
Apesar de todos esses predicados o personagem não vingou. Quando eu ainda era bem moleque cheguei a ter em mãos uns gibis do Mickey em que o que justamente me chamava atenção era esse curioso personagem que não se via em nenhuma outra produção Disney, restrito apenas a Turma do Mickey, exclusivamente os gibis. Mais outras historinhas com ele iam me cativando, o personagem era bem fofinho, mas hoje em dia encontramos muito pouco material sobre ele, é quase como se tivesse caído no esquecimento. É de se reconhecer que o personagem não foi pra frente, contudo até teve gibis próprios e edições especiais das revistas Disney da Abril dos anos 80. Não é o personagem mais feio da Disney, mas talvez até mesmo por não ser ianque tenha sido subjugado e banido das historinhas atuais, a não ser que ele possa ser visto, num caso nem tão remoto assim, em seleções das melhores historinhas Disney que eu acho que é o ponto forte das publicações atuais. Como apaixonado por personagens obscuros que fogem da mesmíce e merecem uma atenção melhor que sou, foi divertido caçar informações do amigo impopular do Mickey que ainda não havia conseguido escapar totalmente de minha mente. E se rolar, que o personagem seja aproveitado futuramente, apresentado para a garotada de hoje em dia.
Se você não conhecia o personagem ou quer relembrar um pouquinho, fique aí com imagens da nossa concepção padrão Disney do futuro que nos ensina que a aparência física é o que menos importa afinal.