Texto publicado na Revista Mais Mulher de Votuporanga - SP
O segundo filme dos
heróis de brinquedos da Hasbro podia se sair um razoável reboot, mas o diretor Jom. M. Chu (Justin Bieber, Never Say Never)
resolveu incorporar elementos já estabelecidos em G. I. Joe – A Origem de Cobra
(Stephen Sommers) talvez numa tentativa de agradar quem curtiu o primeiro live
action. Acabou se tornando só mais um filme de ação de grande orçamento, pois
teoricamente não funciona como sequencia. Se no primeiro o personagem de
destaque tal como no desenho dos anos 80 é Conrad ´´Duke`` Hauser (Channing
Tatun), neste é seu companheiro de batalhas e amigo de muitos anos, que
curiosamente sequer foi arranhado no filme anterior, Roadblock, interpretado
por Dwayne ´´The Rock`` Johnson (Velozes e Furiosos 5 – Operação Rio), o badass da atualidade, que ao lado de
Bruce Willis, que faz uma participação mais que especial como Joe Colton, o Joe
veterano e já quase esquecido, forma a dupla casca grossa que todo filme de
ação americano precisa ter, superados apenas pela belíssima cena de combate
ninja nas montanhas protagonizada por Snake Eyes (Ray Park), Storm Shadow (Lee
Byyng – Hum) e Jinx (Elodie Yung), a mais nova ninja dos Joe a estrear sua
versão em carne e osso. Falando em personagens novos é interessante observar
que a lista dos que figuram o universo Joe é extensa e para agradar a fans antigos e saudosistas naturalmente
cabeças seriam cortadas para dar lugar a novas, mas é revoltante ver que personagens
importantes da primeira adaptação como o general Hawk, Scarlett, Heavy Dutt e
Ripcord, o melhor amigo de Duke, foram simplesmente ignorados. Mais revoltante
ainda foi ter visto alguns sendo descartados de maneira desmerecida, como o
Duke que, além disso, teve participação ínfima. Entre outros conhecidos que
entraram em campo pudemos ver outra personagem feminina notável, Lady Jaye, um
dos poucos personagens que tiveram uma origem explorada, além de poder fazer
uso de sua sensualidade quando preciso, mas sem perder a tenacidade que não a
deixa devendo nada aos integrantes masculinos, e Flint (D.J Cotrona),
personagem que nada acrescenta, mas como muitos estava devendo uma
participação.
Comando
Cobra
Tão importante quanto
os Joes, é claro que é o comando terrorista Cobra. A ausência dos que
participaram do filme anterior, como Destro e Baronesa, podia ser explicada com
a desculpa de que tinham sido capturados, porém, enquanto Destro estava
esquecido o comandante Cobra, até então ofuscado pelo primeiro, torna-se o
principal antagonista juntamente com Zartan, um mestre do disfarce que toma
lugar do presidente dos EUA (Jonathan Pryce) preparado para provocar uma nova
guerra mundial. Firefly (Ray Stevenson) marca presença dando dor de cabeça aos
Joe, mas se na versão que consolidou a fama dos G. I. Joe pelo mundo entre
crianças ele era um guerreiro mascarado, nessa versão ele está de cara limpa.
Storm Shadow retorna após sua provável morte no primeiro filme, mandando às
favas a verossimilhança, por mais que esse Retaliação tivesse a suposta
pretensão de ser mais condizente com a realidade.
Brinquedinhos
e a moral da história
Podemos considerar que
esse novo G. I Joe não é nem uma sequencia nem um reboot, e sim uma reinvenção do que já foi levado às telas com
atores reais. No lugar dos brinquedinhos hi
tech de A Origem de Cobra, como trajes especiais e ogivas de nanomites,
agora os equipamentos, veículos e armas são os que normalmente são idealizados
para a segurança nacional americana, e claro que não tardarão a serem
reproduzidos fielmente em sua versão brinquedo moderno, mas nada que possa
transformar a equipe militar num Battlestar Galactica, por exemplo. O roteiro
também deixa bem claro que nações do mundo inteiro, principalmente os EUA,
possuem equipamentos bélicos de destruição global, e numa demonstração
fantasiosa o comando Cobra manda Londres pelos ares numa sequencia tão
impactante quanto às batalhas ninja nos picos gelados. No entanto a história
não é lá grande coisa e deixa a desejar. Os Joe não são mais uma equipe
enrustida e tornam-se uma Tropa de Elite conhecida pelo mundo todo, sofrendo
ataques que dizima grande parte de uma unidade em missão no deserto (quem sabe
foi aí que personagens do filme anterior ´´se perderam``). Mais tarde o Cobra
consegue deixar os Joe mal vistos perante o governo americano, e numa ação para
salvar o mundo alguns absurdos dramatúrgicos são cometidos, citando de passagem
a aliança entre Snake Eye e Storm Shadow que se deu num piscar de olhos, sendo
eles rivais dês de a infância. Como de praxe, só efeitos especiais e cenas de
ação se salvam em casos como esse, e ficamos sem entender por que o filme
demorou a ser lançado (foi filmado em poucos meses entre a segunda metade de
2011) e sua conversão em 3D não justifica, pois não conseguiu deixá-lo mais
atraente. Uma sequencia já foi confirmada e espero sinceramente que dizimem
esse elenco para dar espaço a outros personagens que faltam aparecer, já que de
repente essa é mesmo a solução encontrada para deixar cada novo filme com
gostinho de reboot mesmo com preguiça
de partir do começo.
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