Amanhecer – Parte 2
podia ter sido o melhor filme da saga Crepúsculo, só que não. Depois de uma
primeira parte lenta e arrastada, sobrou para a segunda e última (que na
verdade são adaptações de um único livro) apresentar elementos que ficaram de
fora, como ação, dinamismo, pouco romance e enrolação, e um direcionamento para
um desfecho que encerrasse a saga com chave de ouro, e que afinal ficou melhor
que a anterior, que também não era lá grande coisa. Depois que todo didatismo tinha
ficado para trás, Bella (Kristen Stewart), a agora legítima Cullen e mãe de
Renesmee (Mackenzie Foy) se maravilha em enfim ter sido vampirizada, se
aproximando ao máximo da condição existencial dos Cullen, redescobrindo o mundo
à sua maneira e dês de já adquirindo resistência à tentação do sangue humano,
tornando-se curiosamente a mais forte do clã. E é a metamorfose de Bella, tão
aguardada até mesmo por quem pegou um livro sequer, que dá um tom atraente à
trama. Para deleite do público masculino, Bella dá uma boa surra em Jacob
(Taylor Lautner), que desta vez, ainda bem, está bem menos chato que de
costume, após saber que ele teve um imprinting
(´´coisa de lobisomem``) com a pequena Renesmee. A jovem e recém vampira
também protagoniza uma sequencia hilária participando de uma queda de braço com
um Cullen, além da relação amorosa ´´selvagem`` com Edward e quando ela passa a
aprender a se comportar como gente novamente assim que recebeu a notícia da
visita do pai, e descobre um eficiente poder de escudo com o qual protege
pessoas próximas com a força do pensamento. Mas esse atrativo não vai mais
além, já que todo o enredo da trama elaborada por Melissa Rosenberg transita em
torno da pequena Renesmee. Criança híbrida, ou seja, meio humana, meio vampira,
é denunciada injustamente como criança imortal por Irina (Maggie Grace) para os
Volturi, clã de vampiros italianos, que exigem que os Cullen a entreguem para
ser queimada na fogueira, como fazem com todas as crianças imortais, um crime
perante a comunidade vampírica. Os Cullen então, sob a tutela de Carlisle
(Peter Facinelli) reúnem vampiros de toda parte do mundo para serem suas
testemunhas, mas que ao total não chegam nem perto do número da tropa de
Volturi reunida por Aro (Michael Sheen, um dos atores mais expressivos da saga,
que faz um personagem cruel e carismático ao mesmo tempo). O segundo membro
Volturi mais interessante é Jane (Dakota Fanning), que aqui infelizmente teve
uma participação menos significante, embora a personagem tivesse proporções
ameaçadoras de sobra, proferindo apenas uma única fala. O terceiro elemento
importante do longa é o enfrentamento dos dois clãs num autêntico campo de
batalha, com direito a mortes violentas de personagens queridos e muitas
decapitações, embora sem sangue para não ter problemas com a censura. Seria um
senhor combate que a saga tanto precisava, não fosse por uma trollagem no
roteiro que faz os espectadores se sentirem feitos de bobos. Para tal trollagem
a personagem Alice Cullen (Ashley Greene) teve tanta importância que podia
facilmente ser apontada como responsável, sendo apontado para ela todo sentimento
de indignação. Quem ver verá.
Nem de longe Amanhecer
– Parte 2 é o melhor filme da série. O merecedor de tal título é Eclipse (2010,
David Slade) ainda que o romance complicado de Edward e Bella continuasse sendo
o pano de fundo. Bill Condon repete a direção e Stephanie Meyer assumiu o cargo
de produtora neste filme onde todos os personagens saíram felizes. Entre uma e
outra gag interessante Jacob torna a
exibir seu corpo bem trabalhado, desta vez para Charlie Swan (Billy Burke), e
sob seu olhar apreensivo faz uma importante revelação. O pai de Bella continua
o mesmo, bom moço, compreensivo, e apesar de uma rasa participação percebemos
que a presença do personagem é necessária nem que fosse para justificar
detalhes do roteiro. O bebê Renesmee, junto com a vampirização da Bella, são as
únicas novidades que o roteiro tem a oferecer. Mackenzie Foy pode até ser uma
graça, mas sua personagem não conquista o público. Com seu ritmo de crescimento
acelerado e em sua aparição ainda recém nascida em CGI, a menina se torna
apenas mais um dos efeitos especiais pitorescos que ilustraram toda a
cine-série, desses como peles vampíricas fluorescentes à luz do sol e lobos
hiperativos maiores que pessoas. Não é de se admirar que descobrimos que uma
menina híbrida e lobisomem possam ter muito em comum. Depois de assistirmos a
um desfile de vampiros esquisitos de poderes variados, com direito a duas
índias vampiras da Amazônia (!) a saga se despede com uniões amorosas bizarras
e nos faz perceber que a saga Crepúsculo estava precisando mesmo acabar. Não
vai deixar saudade.
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