segunda-feira, 14 de julho de 2014

Crítica: O Espetacular Homem Aranha - A Ameaça de Electro

Texto publicado na revista Mais Mulher de Votuporanga -SP




A continuação desse novo aracnídeo no cinema precisava ser vista nem que fosse para constatar que a publicidade em torno não prometia nada de espetacular assim. O resultado não ficou tão diferente do terceiro Homem Aranha de Sam Raimi pela profusão de elementos, inimigos e roteiro apertado, eu diria até que o de Sam Raimi é melhor apesar dos preconceitos, a maioria injustos, que sofreu. Ainda assim, a nova versão conseguiu ficar devendo muita coisa. Para quem esperava que o segundo Spider Man de Marc Webb fosse limpar a imagem do primeiro não foi surpreendido além de acompanhar o desfecho da subtrama fraca do destino dos pais de Peter, que rende apenas uma boa cena de ação no prólogo só para dizer o que o filme prometia pela frente, e uma descoberta inventada pelo roteiro como solução dramática que justificasse a subtrama ocupar tanto espaço nos dois filmes, além de associá-la aos poderes de Peter e à participação de personagens importantes. Todos nós sabemos que a busca de Peter pelo paradeiro dos pais foi um elemento adicional utilizado para afastar o Homem Aranha de Webb do de Sam Raimi. A princípio prometido um quarto filme além de solos para os vilões, Webb ousou pela opção de vilões poderosos e interessantes, porém pouco importantes e menos ainda queridos pela maioria dos fans do herói. A escolha de Electro, por exemplo, soou como se escolhessem o Morcego Humano como o vilão de Cavaleiro das Trevas tendo mais importância que o Coringa, e a atuação de Jamie Foxx (Django Livre) como o vilão em sua forma civil também não ajuda, foi canhestra demais, mais uma vez lembrou um personagem dos filmes do Batman, a Hera Venenosa de Uma Thurman. Resumindo, o vilão nem foi uma ameaça tão grande e nem teve tanto destaque como foi vendido por aí, teve breves lutas com o aracnídeo, a primeira totalmente sem nexo, não preocupou nem o aranha nem os moradores de Nova York, passou a maior parte detido na Oscorp e some sem a menor cerimônia. Sua participação só se justifica pela futura participação do grupo de vilões do qual faz parte, o Sexteto Sinistro, mas seria inviável sermos agraciados com a sua presença novamente. O personagem é tão pobre que se preocuparam mais com os efeitos especiais de seus poderes e seu visual parecido com o dr Manhattan dos Watchmen do que com a construção de suas características, alem de, bem ou mal, ter sido o tempo todo ofuscado pela participação do Duende Verde de Dane DeHaan, que por sinal foi outro problema do roteiro mal realizado. Sem a existência do “Duende pai”, fomos imediatamente apresentados ao jovem Harry Osborn que se tornaria de maneira instantânea o principal antagonista nos gibis, uma caracterização que, com a exceção do planador, não supera em nada o Duende de James Franco. O Duende mais fiel aos quadrinhos continuará sendo o de Willem Dafoe, o único crédito merecido desse novo Duende á a lembrança do símbolo da Oscorp estampado no traje, que justiça seja feita, foi bem mais explorada nos filmes de Webb. Se não todos, a maior parte dos vilões dessa vez vieram da megacorporacão. Harry aparece como uma espécie de Leonardo DiCaprio do tempo do Titanic, sem ao menos ter sido citado no filme de 2012, para visitar seu pai em seu leito de morte vitimado por uma doença hereditária, o empresário Norman Osborn, dono da indústria Oscorp. Ao contrário da versão de Raimi na qual Peter e Harry passam a adolescência juntos, Harry retorna após oito anos em um internato, adquirindo fama repentina e retomando contato com o amigo de infância Peter. Agora Harry é um pária, não é bem aceito na direção dos negócios do pai e se na versão anterior tinha ódio do cabeça de teia por supostamente tê-lo matado, dessa vez o motivo é outro, a negação do herói pelo fornecimento de seu sangue no qual acredita encontrar a cura de sua doença herdada que começa a se manifestar precocemente. Suas motivações para o crime, no entanto, são convincentes, e como o Duende revive no cinema um dos momentos mais dramáticos dos gibis da Marvel, embora não exatamente de maneira fidedigna. Mas sua contribuição significativa para o longa se resume a isso, talvez no próximo tenha maior importância reunindo ilustres inimigos do aracnídeo. Quanto ao Rhino, este não passa de uma referência do que a Oscorp tem a oferecer de engenhoso e terrível, mas que na verdade só consegue nos deixar com medo do que vão fazer com a Felicia Hardy / Gata Negra (Felicity Jones) no próximo filme.




O Herói

Bem menos sofredor que o Peter Parker de Tobey Maguire, Andrew Garfield faz um Peter que já não chora mais pela morte do tio Ben e oscila no cumprimento da promessa de ficar longe da pessoa amada, desde sempre cúmplice de sua vida dupla. Como Aranha é como nos quadrinhos, verborrágico e animado, com o diferencial de o seu lançador de teia não esvaziar e não precisar recarregá-lo quase nunca. E embora já esteja trabalhando para o Clarim, J. Jameson continua sem aparecer, embora seja vez ou outra citado, inclusive trocando e-mail com Peter mantendo viva sua característica dos quadrinhos, a de ferrar o aracnídeo a qualquer custo. Mesmo assim a cidade não o marginaliza como em sua antiga versão, nessa nova o Aranha é o verdadeiro amigão da vizinhança. Mary Jane novamente é sequer arranhada e tia May (Sally Field), nessa caracterização nem tão importante para o desenvolvimento de Peter na história, contribui apenas com palavras chave para soluções de ponta solta e dicas do que não estava implícito no roteiro, mantendo-se indiferente por todo o restante do tempo.
Ultrapassando mais de duas horas, o que não podia ser diferente em se tratando de uma história tão comprida, o roteiro apesar de tudo foge do modelo clássico proposto aos filmes de herói, ousando inovações apesar de errar aqui e ali em cenas repetitivas, como no encontro que Gwen Stacy (Emma Stone) teve com cada um dos vilões no elevador da Oscorp. Influenciado pelo universo dinâmico e jovem do universo Ultimate (quadrinhos de versões modernas dos personagens clássicos da Marvel) que afinal, não é tão mal assim, e até mesmo das animações, este Aranha atual é do tipo que busca agradar quem sempre o acompanhou em outras mídias, como também apresentar o herói à uma audiência mais jovem, além de lucrar com uma infinidade de produtos relacionados, como brinquedos. Imaginar como será a segunda sequencia é fácil, basta pensarmos em ações e efeitos estilo videogame, piadas sem graça, confrontos irrelevantes, metragem extensa, um ou outro detalhe que o fidelize aos gibis (ponto positivo para o uniforme usado nessa sequencia) e quem sabe algum personagem a tanto esperado para valorizar um pouco mais o valor do ingresso. É fato que, por mais protestos que sejam gerados, a audiência se mantém estável torcendo se deparar com vilões memoráveis, mesmo que para isso tenha de dividir espaço com número exagerado de personagens e situações ao longo de um roteiro hermético. E torcer para que não optem por vilões insossos como Kraven, o Caçador. Já pensou?

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domingo, 13 de julho de 2014

Fucked


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