Último sentai a passar em terras brasileiras (as demais caíram numa maldição e se tornaram Power Rangers) o esquadrão Defensores da Luz Maskman foi apontado por muitos como o melhor sentai já produzido pela Toei Company, mas tenho minhas dúvidas. Estive revisitando a série e pude perceber o quanto ela é fraca em comaparação a outras do gênero, tecnicamente falando. Para começar, estreou num período em que o gênero já estava saturado no mercado nacional, portanto não teve lá boa audiência embora tenha rendido venda de variados brinquedos. Os protagonistas não eram tão carismáticos, o seriado não trazia nada de tão novo, apenas o fato de cada um dos cinco heróis serem especialistas em um tipo de luta, utilizando técnicas de combate diferentes, e o mecha original (Great Five) ser composto por cinco veículos, ao contrário dos outros sentais em que geralmente eram por três. Treinados e apadrinhados por Chefe Sugata (interpretado por Hayato Tani, então apresentador de um programa de provas insanas) que os ensinou a desenvolver o Poder Aura, os cinco guerreiros a princípio aparecem envolvidos em corridas de Fórmula 1, Takeo como o piloto bambambam e os demais como seus assistentes, até que sua namorada Miho o adverte que o Império Subterrâneo Tube almeja atacar a Terra sob o comando do malígno Rei Zehba, atrapalhando uma corrida e quase sendo atropelada. Miho na verdade é a Princesa Ian, correspondente infiltrada que acaba se apaixonando por Takeo e traindo Tube, sendo a seguir tirada de Takeo e congelada numa prisão criogênica eterna como punição. Antes disso Miho entrega para ele seu colar, o brasão da sua família real, que Takeo passa a usar pelo resto da série se lamentando por ser a única coisa sua que sobrou,cuidando com todo zelo, mesmo que durante umas batalhas tivesse que remontá-lo. Além disso, o casal pega emprestada algumas referências ao clássico Cinderella. O flashback de Takeo trazendo os sapatos para uma Miho descalça e desajeitada era exibido sempre que batia uma nostalgia no rapaz, e já no primeiro episódio quando a moça o alerta da ameaça de Tube quase sofre um grave acidente e seu sapatinho voa longe, se mantendo solitário e vulnerável separado de seu corpo,que por sinal é o mesmo com que Takeo a calçou, ilustrando toda carga dramática da cena.É dado assim o pontpé inicial para as batalhas entre os filhos do Poder Aura contra o Império Subterrâneo Tube nos 51 episódios seguintes.Além de Takeo, outro personagem que merece atenção especial é Akira (Blue Mask). Apesar de ter apenas 16 anos o moleque tem a corda toda. Sua especialidade é o kung fu e tem muita habilidade com as espadas, mas o mais engraçado é o jeitão imaturo dele que deixa as cenas bem mais interessantes, geralmente os azuizinhos desse tipo de seriado são assim mesmo. Akira ficou um tempinho malvado inclusive, encarnando o Espadachim Subterrâneo Ulas, guerreiro lendário que os habitantes bonzinhos do mundo subterrâneo acreditavam ser do bem, atacando seus amigos a mando de Tube.De resto, nada que já não tenha tido em sentais anteriores, como um representante da cor preta que se interessa por mulheres mesmo permanecendo liso do primeiro ao último capítulo, e duas moças graciosas, a Yellow e a Pink, e na minha humilde opinião a Yellow é muito mais sexy. Lembrando que a Pink herdou uma arma que em seriados passados pertencia a Goggle Pink, o Mask Ribbon.
Vilões
Quanto aos vilões, Anagumas é o melhor. Tem mais de 300 anos, mas mesmo assim o velhinho é o monstro mais poderoso, inteligente e conhecedor profundo do universo malígno. Infelizmente morre igual a um monstro de um episódio qualquer, mas foi o merecedor da honra de ser o último a ser agigantado pelo monstro elétrico Okelamp, monstrinho não menos carismático, que toda vez que executava sua função resmungava ´´Eu tô cansado`` bem ao estilo Gyodai.
os outros vilões são bobos e insossos, aquelas duas minas insuportáveis (Igan e Fuumin), uma espécie de Buba dos Changeman chamado Barrabás (em um episódio aparece a mãe dele. Ninguém imaginava que aquelas criaturas maléficas tivessem mãe, não é mesmo?) e um projeto do The Flash com pinta de diabão, que assim como o herói americano é um super velocista, e ainda cospe fogo pela boca a exemplo de outros colegas vilões, mas a sua magia é bem mais caprichada. Mas o que mais eles tem é estilo mesmo. Apesar de terem um time definido, são seres nefastos do mal, e o mal não é unido. Portanto vivem brigando na maior rivalidade, sem dar valor à amizade e sem hesitar em pisar uns nos outros para conseguirem o que desejam. E assim surgiu o Cavaleiro Ladrão Kiroz, outro vilão estiloso, de cabelos vermelhos e óculos exóticos, com o poderoso golpe Crescent Screw no qual ele gira sua foice provocando uma espécie de furacão, técnica aprendida enquanto esteve banido no Inferno vendaval. Assim que o novo vilão chega começa uma rivalidade não só com o pessoal do mundo Subterrâneo, mesmo que assim como ele todos pretendessem acabar com os Maskman (o que é de praxe em todo seriado sentai), mas também com Red Mask, pois seu plano é ter a princesa Ian todinha para ele em um trato feito com Zehba. Ele até que teve uma gatinha se oferecendo para ele no episódio 33, mas o bobão a decepcionou e não aproveitou a oportunidade. As pegações, aliás, até que foram com razoável vontade esboçadas nesse seriado, chegou a quase rolar um beijo entre Keiko (Pink Mask) e um monstro subterrãneo transmutado em humano, o que, considerando o gênero e o ano (1987/1988) foi muita coisa. Pena que red Mask também é um banana, provou que é só garganta e não aproveitou Miho como devia quando enfim foi descongelada nos episódios finais. Quanto aos monstros subterrâneos, grande parte formada por monstros compostos, duas partes que se completassem fundindo-se em uma, tinham visual caprichado e ninguém podia botar defeito, de repente só no Rei Zehba, o imperador de Tube, que escondia um grande segredo, ser filho do primeiro monstro terrível que transformou o então povo pacífico do Mundo Subterrâneo em oprisioneiros de guerra, adotando a seguir um regime tirânico e traiçoeiro. Num dos episódios finais mostra que mesmo seu pai sendo um tremendo sacana (o pai, aliás, era quem botava ovo) se deixou ser devorado pelo filho em seus dias finais, o alimentando com a pura carcaça malígna e destrutiva que lhe daria forças para ser o novo Imperador do Mal, cruzes! A cena até hoje é impressionante, bonita até, bizarra e comovente ao mesmo tempo. Contudo,o figurino de Zehba não era dos melhores, parecia algo como papelão usado em fantasia de carnaval, uma imensa manta a lhe cobrir o corpo e um braço fino de manequim que ele segurava o tempo todo para aumentar a extensão de seu membro, com as mãos em volta de uma bolinha (!?) que não desgrudava para nada.
Mechas e maquinarias de combate
Maskman foi o primeiro sentai a usar mais de uma basuca. A primeira, Bomba Projétil, que por alguma razão inexplicável Red Mask precisava usar uma mochila para dispará-la, foi destruída pelo Cresecent Screw, substituída a seguir pelo Jato Canhão, armamento simpático construído por um time de cientistas que ninguém sabia que os Maskman tinham à disposição, e que de vez em quando o exibido Red Mask a usava como prancha de surfe à la Surfista Prateado. Me doía o fato de que para usarem a basuca ser preciso estar os cinco juntos, e essa ser a única forma de destruir os monstros. E se já não era mais novidade, tiveram também mais de um robô. Quando great Five foi para o saco (não uma destruição tão dramática como a do Flash King dos Flashman) a Pink Mask tinha tomado um pau e não pôde pilotar sua parte correspondente do robô, e aí fica uma pergunta que não quer calar: Quem pilotou o Helicóptero Mask que se converteria numa das pernas do Great Five? O Great Five levou um sacode e sua perda pôde perfeitamente ser atribuída a ausência da Pink. Chefe Sugata dizia ´´Abandonem o robô, usem a saída de emergência que eu lhes mostrei.`` e aí fica outra dúvida: Que saída de emergência seria essa? Não foi apresentada aos espectadores. Enfim, acabaram pegando o Land Galaxy enquanto Great Five era restaurado, robô de origem conturbada ao ser associado a morte de seu cientista criador, colega de Chefe Sugata desde a época em que ´´trocavam figurinhas`` sobre o projeto Maskman. Land Galaxy tem uma
maneira maos ágil de se converter de veículo para robô, é quase como o Titan Jr dos Flashman, um tipo de caminhão. Embora tivesse design menos estiloso que Great Five,tem bons golpes, é duro na queda e eficiente em combate, sua Corrida Espartana é um barato à parte, uma pérola gigante de criatividade e primor, só vendo para crer.Great Five não ficou muito tempo como sucata e logo os Maskman podiam reservar entre um robô e outro como faziam os Flashman, mas por alguma razão desconhecida Land Galaxy acabou sendo o mais usado, tornando-se a primeira opção, inclusive para descer a lenha no Rei Zehba agigantado. Isso porque era apenas um quebra galho. Talvez os defensores da Luz estivessem cansados e só quisessem saber de novidade. Ainda quanto às armas, era divertidissimo quando os Maskman giravam sua Magnum Laser em punho ao autêntico estilo cowboy,. Chupa essa Alex Murphy!
Conclusão
Seriado que não chamou muita atenção, apenas mais do mesmo, no entanto merece respeito ao se dispor a apresentar uma coisa ou outra inédita, como heróis que buscam seu poder na fonte da meditação e nos gestos curiosos das mãos que em alguns momentos rendiam piadas.A transformação também era diferente de tudo que tinhamos visto. Algumas ideias e personagens eram interessantes, mas foram miseravelmente aproveitados, como o Mask verde (Mask X1), a primeira versão de um Maskman que abandonou o projeto após ter tido sua namorada arrancada de seus braços por Tube quase como Takeo perdeu Miho. O herói, que estava começando a ter uma grande amizade com Red Mask apareceu apenas em um único episódio, e com uma explicação bem simplória perdeu seus poderes. Ora, então aqueles relógios (morfadores)eram desnecessários? Muita gente, incluindo eu, torcia para que ele aparecesse nos últimos episódios unindo sua força com as dos Maskman contra o fim do império malígno de Tube. Sem contar que os próprios Maskman, tal como personagens de outros sentais, tem profundidade rasa e são bem poucos explorados, detalhe que só melhoraria anos depois em Jetman. Alguns personagens do elenco de apoio, embora sempre presentes, tiveram sua importância subestimada, como as gatinhas que auxiliavam Sugata como suas secretárias, sobrando apenas uma no final, e em alguns episódios nos perguntávamos onde elas foram parar, chegando até a nos esquecer delas. Mas tem um ponto muito positivo, pelo menos para nós brasileiros, por ser o último sentai verdadeiro a vermos na Tv aberta. Ao menos os Maskman que assistimos, gostamos e criticamos nos deu a última oportunidade de vermos um produto genuíno que os americanos tanto invejaram. E foi oscilando na Tv aberta até 1999, período em que a Rede Manchete começava a ir pro saco. Ainda bem que temos a nossa amiga de sempre Internet.
2 comentários:
http://www.blogtokusatsus.com/2017/07/hikari-sentai-maskman-serie-dublada.html
link da série dublada.
A série até que é boa. A música de abertura e encerramento são muito empolgantes. Fiquei muito decepcionado com o desenrolar dos episódios finais. A luta do Red contra o barrabás foi patética. Nem de longe chegou a lembrar das que houve nos flashman e changeman. Sr. Zehba foi uma decepção, morreu fácil demais. Aliás, fiquei puto da vida com o robô matando ele de forma tão tranquila. Foi basicamente um combate normal. Os últimos 10 episódios foram lastimáveis.
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